No início do ano, urnas funerárias, que estavam enterradas há séculos, ou talvez até há milênios, foram encontradas na região de Médio Solimões, no Amazonas.
Por L.Lopes, jornalista 
Pesquisadores classificam como uma das descobertas arqueológicas mais importantes que já foram feitas na Amazônia.
Tudo começou quando um morador da região, o Walfredo Cerqueira, recebeu fotos de uma árvore que tinha caído e ficado com as raízes expostas.
No meio das raízes havia dois vasos de cerâmica enormes.
"O pessoal daqui da comunidade do Aramanduba Grande se deparou com essa árvore que virou e apareceu esses potes aqui. Eles não deram muita importância, mas me repassaram essas fotos. Aí eu achei muito interessante, né?"
Walfredo comentou sobre o que tinha visto com um padre, que entrou em contato com arquélogos do Instituto Mamirauá, que fica na cidade de Tefé, também no Amazonas.
Eles levaram cerca de 24 horas de barco até o lugar onde a família do seu Walfredo já aguardava a chegada deles numa canoa.
Depois, foram mais duas horas de canoa pelos canais e igarapés da região, até chegar ao acampamento-base.
E ainda tinha mais uma hora de caminhada pela mata fechada até o sítio arqueológico, da árvore tombada.
Eles passaram cerca de um mês na região e, com a participação da comunidade local, criaram estruturas, ferramentas e maneiras de retirar as cerâmicas do emaranhado de terra e raízes com segurança.
A arqueóloga Helena Pinto Lima, do Museu Paraense Emílio Goeldi, que não esteve diretamente envolvida nessa pesquisa, avalia que esse trabalho em parceria com a comunidade local é fundamental.
"
Esse trabalho foi muito bem-sucedido, justamente por conta de uma história e de uma trajetória de colaboração entre a equipe de arqueologia e as comunidades locais", diz ela.
Após todo trabalho, o grupo encontrou um total de sete vasos. O maior deles pesa cerca de 350 quilos, enquanto o menor tem 180 quilos.
A arqueóloga Geórgea Layla Holanda trabalhando na remoção das urnas
Uma análise inicial encontrou ossos humanos dentro dos vasos, o que indica que essas peças eram urnas funerárias.
"Isso configura quase que certamente contextos de sepultamento. E esses sepultamentos provavelmente estavam abaixo das antigas casas que havia nesses locais. Porque eram aldeias, eram cidades", explicou Márcio Amaral, do Instituto Mamirauá.
Os arqueólogos acreditam que essas urnas foram feitas antes da chegada dos europeus, em 1500, mas ainda não conseguem precisar se elas têm 500, mil ou 3 mil anos de idade.
E eles não conseguem fazer isso por um motivo bem específico: falta de dinheiro.
"A gente precisa fazer a datação em carbono 14 pra saber quantos anos tem esse material. Só que a gente não tem financiamento ainda pra datar o que a gente conseguiu interpretar em campo", afirma a arqueóloga Geórgea Layla Holanda.
A partir dessa e de outras análises dos ossos, vai ser possível avaliar idade, sexo e hábitos alimentares das pessoas que viveram há séculos na maior floresta do mundo.
Mas por que essa descoberta na Amazônia é tão significativa para a arqueologia?
É o que explica o repórter André Biernath neste vídeo.
As imagens feitas no local são de autoria dos arqueólogos Márcio Amaral e Geórgea Holanda e do Instituto Mamirauá.
 

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