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sábado, 22 de dezembro de 2012

No Brasil, 44% da elite vêm de famílias pobres



Ascensão social no país fez as classes A e B aumentarem 54% na última década. Elas terão mais 7,7 milhões de pessoas nos próximos três anos

Bruno Peres/CB/D.A Press (Goreth saiu da beira do Rio Amazonas para Brasília. Ninguém em sua família galgou antes o topo da pirâmide )
Bruno Peres/CB/D.A Press


A paraense Maria Goreth Medeiros de Miranda, 54 anos, contou com muito estudo, dedicação e trabalho para sair da pequena cidade de Prainha, na beira do Rio Amazonas, e conquistar um bem remunerado cargo de servidora pública em Brasília. Filha de uma família enorme—são 11 irmãos —, ela deixou a casa onde nasceu ainda menina, aos 11 anos, em busca de um futuro melhor do que a vida precária que os pais, ambos com apenas o ensino primário concluído, levavam.

Há 32 anos no serviço público, Goreth recebe hoje cerca de R$ 6 mil, que sustentam ela e a filha, Maíra, 23, em um apartamento no Guará. “Minha vida mudou muito. Depois de muitos anos morando de favor e dividindo o aluguel de um cômodo de um apartamento, comprei meu próprio imóvel, meu carro, além de dar um estudo de qualidade para a minha filha”, diz.


Transformação

Goreth é a síntese do forte processo de mobilidade pelo qual passa o Brasil. Dados do Instituto Data Popular comprovam que 44% dos brasileiros que hoje compõem as classes A e B são a primeira geração de endinheirados da família. Ou seja, nenhum de seus parentes chegou antes à elite do país. Na avaliação do presidente do Data Popular, Renato Meireles, esse movimento de ascensão social é fruto do crescimento e distribuição de renda no país, além do aumento nos níveis de escolaridade. Ele estima que cada ano de estudo pode resultar em uma elevação de até 15% nos salários. A Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República estima que a renda familiar média mensal da classe A é de R$ 12.988, e a per capita, de R$ 4.687. Já o rendimento médio das famílias de classe B é de R$ 4.845 e o per capita, de R$ 1.503.

Por Antonio Temóteo