A decisão do Brasil em exercer as sanções aprovadas pela Organização
 Mundial do Comércio (OMC), em 2009, devido à política norte-americana 
de subsídios ao algodão vai depender do entendimento da Câmara de 
Comércio Exterior (Camex), que dará a palavra final se o momento é 
oportuno para tal medida. A afirmação é do representante permanente do 
Brasil na OMC, embaixador Roberto Azevedo. “O Brasil não deseja fazer 
retaliações à política norte-americana de subsídios ao algodão, mas pode
 ser levado a isso”, disse.
A revelação foi feita quando está em discussão, no Congresso norte-americano, o acordo para uma nova lei agrícola (Farm Bill) em substituição à lei atual, que vence
 no final de setembro. O texto aprovado pela Câmara dos Deputados prevê a
 garantia de subsídios aos produtores de algodão e outros benefícios 
considerados ilegais pela OMC, prejudiciais aos produtores e à 
cotonicultura dos países em desenvolvimento.
Para Azevedo, os “efeitos distorsivos” do acordo em negociação
 pelos congressistas dos Estados Unidos “não permitem entendimento 
satisfatório. Em vez de combater a subvenção do governo aos produtores 
locais de algodão, dada desde 1934, que motivou a queixa do governo 
brasileiro, o acordo em discussão, para a nova lei agrícola, prevê 
aumento dos subsídios.”
O embaixador 
considera a situação “inquietante” já que, a seu ver, não há 
“justificativa convincente” para o acordo dos congressistas 
norte-americanos, que, hoje, é mais prejudicial ao Brasil do que antes. 
“O produtor tem que responder
 aos estímulos do mercado e não às subvenções do governo”, disse. 
Azevedo afirmou ainda que a alteração na lei agrícola “distorce as 
condições de competição do mercado”.
O embaixador 
comentou sobre as discussões em torno da lei agrícola americana depois 
de mais uma rodada de entendimento entre autoridades do Brasil e dos 
Estados Unidos em busca de uma saída negociada para o contencioso do 
algodão, de modo a evitar a retaliação brasileira contra produtos 
americanos, nos termos do direito compensatório aprovado pela OMC.
Os
 encontros, realizados desde a última terça-feira (17), tiveram a 
participação de representantes da iniciativa privada ligados à cultura 
do algodão. As autoridades dos dois países terão mais uma rodada de 
negociações em outubro. Azevedo destacou que o acordo aprovado pelos 
deputados americanos não tem sido, no entanto, “base para as 
conversações”.
Até o momento, o governo norte-americano tem 
depositado mensalmente, desde abril de 2010, uma cota de US$ 12,275 
milhões para o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), a título de 
reparação de prejuízos ao produtor brasileiro.
Fonte:JB/AB
 
