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sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Vestígios judaicos no sul da Espanha desafiam história oficial da era romana

Vestígios judaicos no sul da Espanha desafiam história oficial da era romana

Arqueologia
Vestígios judaicos no sul da Espanha desafiam história oficial da era romana

Fragmentos com menorás e inscrições em hebraico sugerem presença de comunidade judaica em Cástulo no século 4, "transformando" igreja em sinagoga


Arqueólogos que escava a cidade ibero-romana de Cástulo descobriram evidências de uma aparente presença judaica - Divulgação/Francisco Arias

Dezessete séculos após terem se apagado, fragmentos de lâmpadas de óleo quebradas estão iluminando uma nova página da história antiga da Península Ibérica. Arqueólogos que escavar as ruínas da cidade ibero-romana de Cástulo, na região de Linares, sul da Espanha, encontraram indícios de uma pequena comunidade judaica que viveu no local no final do século 4 ou início do 5 d.C., durante o declínio das crenças pagãs e a ascensão do cristianismo.
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O nome do grande e magnífico criador de tudo que existe YHWH.



O amor é o único caminho

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Entre os achados estão três lamparinas decoradas com menorás, uma telha com a imagem de uma menorá de cinco braços e um fragmento de tampa com inscrições em hebraico, interpretadas como “luz do perdão” ou “Cântico a Davi”. Os objetos, segundo os pesquisadores do projeto Cástulo Sefarad, Primeira Luz, são os primeiros vestígios concretos da presença judaica na cidade, cujo abandono total viria cerca de mil anos depois.

A descoberta levou os arqueólogos a revisitarem antigas interpretações sobre um edifício escavado décadas atrás e até então classificado como uma basílica cristã primitiva. A ausência de relíquias cristãs no local, a falta de sepultamentos — comuns em igrejas da época — e o formato arquitetônico mais quadrado que retangular, típico de sinagogas, sugerem que o prédio pode, na verdade, ter sido um templo judaico.

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Sr Leon Lopes da Silva
Jornalista,professor,pesquisador,terapeuta,teólogo,artista plástico, técnico de projetos sociais,técnico de informática, perito grafotécnico forense e criminal.

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“Durante as escavações mais recentes, encontramos a telha com a menorá. Isso nos fez questionar tudo que sabíamos sobre o local”, explica Bautista Ceprián, um dos arqueólogos responsáveis pelo estudo. A análise da planta do edifício revelou características compatíveis com sinagogas da Palestina do mesmo período, como a possível presença de uma bimah central — plataforma onde se realizavam leituras da Torá.
Intrigante

A localização isolada do templo, próxima a uma antiga casa de banhos romanos — símbolo residual do paganismo e desprezada pelos líderes cristãos — também intriga. Para Ceprián, isso pode ter sido uma forma sutil de marginalização imposta pela hierarquia eclesiástica nascente: “Posicionar os judeus perto de um local visto como profano pode ter sido uma tentativa de associá-los ao mal”.

Se confirmadas, as suspeitas colocariam Cástulo entre os sítios com as sinagogas mais antigas da Península Ibérica, desafiando a narrativa histórica predominante, que reconhece apenas templos judaicos medievais na região. A sinagoga mais recentemente descoberta no país, em Utrera, data do século 14.

Segundo o ‘Archaeology Magazine’, apesar da ausência de documentação escrita que comprove a identidade do edifício, os pesquisadores acreditam que os vestígios materiais encontrados são suficientes para abrir esse debate. “Sabemos que haverá críticas, e isso é bem-vindo. A ciência avança assim”, diz Ceprián. “Mas os dados estão aí”.

O que parece emergir das escavações é o retrato de uma coexistência pacífica e breve entre judeus e cristãos em Cástulo, interrompida séculos depois pelas perseguições, pogroms e, finalmente, pela expulsão dos judeus da Espanha em 1492. “É um lembrete de que sociedades mistas e plurais já existiram — e de que, por vezes, a história as apaga”, conclui o arqueólogo.


Redação JRP INTERNACIONAL
jcidadern@hotmail.com


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