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terça-feira, 19 de novembro de 2013

A corrupção na política mundial e os indignados nas ruas do Brasil

Pesquisa divulgada nesta terça-feira traz dados significativos sobre a percepção do brasileiro com relação à corrupção na política. O levantamento, a cargo da ONG Transparência Internacional - de origem alemã -, traçou um mapa sobre o tema em 107 países, e encontrou no Brasil números alarmantes.
De acordo com o levantamento, nada menos que 81% dos brasileiros acreditam que partidos políticos são “corruptos ou muito corruptos”. Em segundo lugar está o Congresso, que para 72% dos brasileiros é a instituição mais corrupta.
Segundo a pesquisa, os países com mais pessimistas em relação à corrupção são Argélia, onde 87% dos entrevistados avalia que a situação piorou, Líbano (84%) e Nigéria (84%).
O curioso é que não aparecem no topo do ranking países onde escândalos financeiros e de corrupção abalaram o mundo e alcançaram cifras estratosféricas.
O atual presidente da Rússia, Vladimir Putin, que foi durante dezesseis anos oficial do KGB antes de assumir a direção do país, enfrenta rumores vindos da oposição afirmando que  possui secretamente uma fortuna estimada em 40 bilhões de dólares. Documentos vazados pelo site WikiLeaks sugerem ainda que a Rússia se tornou um "Estado mafioso virtual", devido à suposta corrupção sistemática no governo de Putin.
Na Itália, o também bilionário ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi enfrentou acusações de envolvimento até com a máfia, e acabou condenado à prisão sob a acusação de ter pago por sexo com uma adolescente.
Na Espanha, nem a intocável monarquia escapou. Mergulhada numa sucessão de escândalos, a família do rei Juan Carlos rachou. O epicentro foi o genro  Iñaki Urdangarín, acusado de desvio de dinheiro público e superfaturamento em eventos, por meio de duas fundações que dirige.
Mais perto, vemos aqui mesmo na América do Sul descendentes do ex-ditador Augusto Pinochet vivendo de forma abastada com sua fortuna, estimada em 26 milhões de dólares e acumulada durante os anos de ditadura.
Por aqui, os descendentes dos nossos generais que atuaram na ditadura vivem hoje com uma modéstia aparente, bem distante da rotina dos vizinhos latinos.
Se hoje no Brasil a corrupção - mesmo em cifras e em escalões inferiores do que muitas vezes se vê em outros países - leva milhares de indignados às ruas, é preciso ficar atento e relembrar as palavras da socióloga Ruth Cardoso, bem lembradas no artigo de Celso Lafer e Regina Siqueira da Folha de S. Paulo desta quarta-feira (10): "O povo desunido jamais será vencido". Seu amigo, o também sociólogo Manuel Castells - espanhol considerado atualmente o maior especialista em movimentos sociais nascidos na internet - traduz o pensamento, afirmando que  "é a multiplicidade de fontes de mudança social, sua não articulação em aparelhos políticos, que vai solapando as raízes da dominação".
JB

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