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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

"Mundo perdido" descoberto nas profundezas do Atlântico



Uma das espécies encontradas no fundo do Oceano Atlântico com a ajuda de submarino-robô (Alex Rogers/Divulgação)
Uma das espécies encontradas no fundo do Oceano Atlântico com a ajuda de submarino-robô

Um mundo totalmente desconhecido, habitado por espécies exóticas, permaneceu escondido até agora no fundo do Oceano perto da Antártida. Em um estudo publicado ontem na revista on-line Plos Biology, cientistas britânicos anunciaram a descoberta na região marítima de animais inusitados como uma estrela do mar de sete pontas, um misterioso polvo pálido e um novo tipo de caranguejo yeti.

Segundo os pesquisadores, as espécies foram vistas pela primeira vez em 2010, graças à ajuda de um veículo robótico que explorou a cordilheira submarina Dorsal da Scotia Oriental, nas profundezas do Oceano Atlântico Sul, entre a Antártida e o extremo da América do Sul. Nessa zona escura e remota são encontrados os respiradouros hidrotérmicos, mananciais das profundezas que jorram líquido a temperaturas de até 382ºC. As primeiras áreas do tipo, também chamadas de fontes hidrotermais, foram descobertas em 1977 nas Ilhas Galápagos.

“Os respiradouros hidrotermais abrigam animais que não são encontrados em nenhuma outra parte do planeta, que obtêm sua energia não do Sol, mas de substâncias químicas, como o sulfeto de hidrogênio”, disse o principal autor do estudo, Alex Rogers, da Universidade de Oxford. “O primeiro estudo desses respiradouros particulares no Oceano Atlântico Sul, perto da Antártida, revelou um ‘mundo perdido’ quente e escuro, onde proliferam comunidades inteiras de organismos marinhos desconhecidos”, acrescentou.

Biodiversidade
As descobertas de vida submarina incluem vários tipos novos de anêmonas e um polvo sem identificação, bem como um novo tipo de estrela do mar, avistada alimentando-se da fauna ao redor dos respiradouros. Os peixes só foram avistados na periferia das áreas quentes. Os cientistas também ficaram intrigados com o que não encontraram, como minhocas gigantes, mexilhões, caranguejos, vôngoles e camarões, vistos antes em outros respiradouros de águas profundas nos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico. 

A diferença de espécies sugere que as condições geográficas da região tornam únicas certas formas de vida, que não puderam migrar para outras partes do fundo marinho do planeta. “Esses resultados são uma prova a mais da rica biodiversidade que se encontra em todos os oceanos do mundo”, disse Rogers. “Onde quer que olhemos, seja nos arrecifes de coral das águas tropicais iluminadas pelo Sol ou nos respiradouros da Antártida mergulhados em uma escuridão eterna, encontramos ecossistemas únicos que temos que entender e proteger”, acrescentou o cientista, que trabalhou com um grupo de pesquisadores da Universidade de Southampton e do British Antarctic Survey.

Fonte: C B