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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A estratégia possível A inflação será o foco da presidente Dilma Rousseff

Entre dezenas de problemas políticos, econômicos e sociais, o Governo confronta três problemas de maior gravidade imediata: o crescente déficit fiscal, apersistente inflação e o ameaçador déficit em Contas Correntes do Balanço de Pagamentos. Ao que tudo indica, a Presidente Dilma não tem condições para atacar os três problemas, em conjunto. Daí que, estrategicamente, vai cuidar do problema de maior percepção popular e o que mais pesa do ponto de vista eleitoral para 2014, que é a inflação. Os outros dois problemas serão enfocados no próximo ano.
A inflação, como se sabe, tem três causas principais: o déficit fiscal, a política de reajustes  salariais e a expansão do crédito direcionado. Para evitar desgastes eleitorais, o Governo vai deixar com o Banco Central a inteira responsabilidade de segurar a inflação, sem contrapartida da política fiscal. Como o Banco Central só tem um instrumento de ação para combater a inflação, que é a taxa de juros SELIC, tudo indica que vai usá-lo, até o final do ano. O mercado antecipa essa atuação do BC e, conforme se vê das estimativas divulgadas pelo Boletim FOCUS, a taxa SELIC vai continuar subindo, e poderá chegar a 9,25%,e até mesmo 10%, em dezembro.
Certamente, essa elevação dos juros pode até frear a inflação, tendo em vista seus efeitos sobre o consumo. Mas, sem dúvida, vai frear também as atividades econômicas. Friamente, é possível dizer que, por essa via, o Governo se isenta da responsabilidade direta das soluções requeridas para os três problemas, resguardando-se eleitoralmente. Fica tudo para 2014. O Governo chega ao exagero de dizer que “a inflação está sob controle”.Não é verdade. A  inflação está estacionada, por várias razões, inclusive pelo nível baixo da demanda agregada, mas não está sob o controle do Banco Central, nem do Ministério da Fazenda.
De todos os problemas, o mais grave é o déficit fiscal com crescente dívida pública, cuja  solução passa pela redução dos gastos orçamentários. Nossa opinião: dos três problemas citados, a inflação é o menos grave, com tendência declinante, a julgar pela queda apresentada nos índices de preços no atacado e no varejo.
* Ernane Galvêas é ex-ministro da Fazenda e consultor da presidência da Confederação Nacional do Comércio (CNC)
Por Ernane Galvêas*

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