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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Mais uma farsa norte-americana

A fim de justificar a ocupação do Iraque, os Estados Unidos alegaram que esse país produzira armas químicas de destruição em massa com o propósito de atacá-los. A Organização das Nações Unidas enviou inspetores à nação governada por Saddam Hussein, com a missão de verificar a procedência da acusação. A inspeção da ONUconcluiu pela inexistência das tais armas químicas. Mesmo assim George W. Bush ordenou a ocupação. A execução desta foi de uma violência ilimitada. Um escritor iraquiano residente nos Estados Unidos, após visitar seu país de origem, já sob o domínio da maior potência militar e econômica do planeta, denunciou que constatara haverem sido mortos cerca de um milhão dos seus compatriotas. Além dessa mortandade tornou-se evidenciado que ao invés de ser democratizado o Iraque, dominado pelo Império ianque, perdera para este a exploração do petróleo em seu território e ainda apresenta até hoje uma situação caótica, em que os conflitos internos consequentes da brutal rivalidade entre sunitas e xiitas apresentam um quadro representativo de guerra civil cada vez mais acentuada. Atentados a bombas ocorrem várias vezes por dia deixando ora dezenas, ora centenas de mortes de civis inocentes. É a antidemocracia por excelência e o terror multiplicado entre os iraquianos. Os Estados Unidos, embora beneficiários do petróleo iraquiano, são perdedores do ponto de vista militar e político, por quanto ainda gastam uma fortuna diária com a manutenção de 50 mil soldados, entre os quais 20 mil mercenários, produziram a grande contradição de instalar no poder a maioria xiita, que é aliada do Irã, arqui-inimigo do Tio Sam. Foi, como se vê, um fracasso total a guerra com fins de ocupação executada sob as ordens do presidente George W. Bush.
Agora Barack Obama anuncia – e inclusive já teve o beneplácito do Senado – um ataque contra a Síria sob o pretexto de que o governo Bashar al-Assad usou armas químicas contra os rebeldes nessa guerra civil que já dura 2 anos.
Em primeiro lugar é de se considerar que os Estados Unidos, pelo que fizeram em relação ao Iraque e pelo seu passado de beligerância, não tem autoridade nem política nem moral para essa intervenção. Quem não se lembra, por exemplo, de que na guerra deflagrada contra o Vietnã os militares norte-americanos utilizaram o napalm, arma química das mais destrutivas que vitimou cerca de 200 mil vietnamitas?
Não há o mínimo propósito altruísta dos Estados Unidos em mais esta violência.O que há é mais uma demonstração de que o governo norte-americano é um verdadeiro títere dominado pelo chamado complexo industrial-militar denunciado já na década de 1950 pelo próprio presidente Dwight D. Eisenhower e minuciosamente analisado no livro de Fred J. Cook no excelente livro O Estado militarista. Os Estados Unidos precisam de guerras a fim de corresponder às necessidades e às exigências desse nefando complexo. Esta é que é a grande e entristecedora verdade existente por detrás da beligerância norte-americana. Somente ela explica que um ganhador do Prêmio Nobel da Paz, como o é, inexplicavelmente, Barack Obama, venha a tomar a iniciativa de um ataque bélico capaz de resultar em destruição e mortes.
(Eurico Barbosa, escritor; membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores; advogado; jornalista; escreve neste jornal às terças & sextas-feiras)

Por EURICO BARBOSA

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