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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

De Elvis a E.T., a extraordinária trajetória das sondas Voyager


Assim como sua irmã, a Voyager 2, que também se dirige para a fronteira do Sistema Solar em uma trajetória diferente, a sonda de 722 quilos leva uma cápsula do tempo

Publicação: 13/09/2013 19:12 Atualização:

Sonda Voyager, enviada pela Nasa para o espaço profundo nos anos 1970 (Nasa/Divulgação)
Sonda Voyager, enviada pela Nasa para o espaço profundo nos anos 1970
De Elvis a E.T., a extraordinária trajetória das sondas Voyager
Paris - Os Estados Unidos choravam a morte repentina do cantor Elvis Presley em 1977, quando a Nasa lançou as sondas Voyager 1 e 2 em uma missão sem precedentes para explorar planetas fora do Sistema Solar.

Nesta sexta feira (13/9), 36 anos depois, a Voyager 1 se tornou o primeiro objeto construído pelo homem a se aventurar na solidão do espaço interestelar, segundo informações divulgadas esta quinta-feira. Ela está a 19 bilhões de quilômetros de casa.

Assim como sua irmã, a Voyager 2, que também se dirige para a fronteira do Sistema Solar em uma trajetória diferente, a sonda de 722 quilos leva uma cápsula do tempo - um disco folheado a ouro que fornece imagens e sons da vida na Terra em 1977 para qualquer alienígena inteligente que possa encontrar pelo caminho.

A cientista Rosine Lallement, do Observatório de Paris, informou à AFP que a Voyager 1 agora está literalmente empurrando a fronteira do conhecimento.

"Pela primeira vez, uma sonda está em um ambiente que nunca foi visitado antes por um objeto feito pelo homem", explicou. "Será intrigante ver o que acontece a seguir", acrescentou.

As Voyagers foram concebidas originalmente para fazer estudos de aproximação de Júpiter e Saturno, dos anéis de Saturno, e das grandes luas dos dois planetas.

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Em seguida, elas seriam enviadas para fazer sobrevoos adicionais aos dois planetas gigantes mais distantes, Urano e Netuno. Depois desta proeza, a nave foi enviada para sua última viagem: os limites do Sistema Solar e além.

As sondas Voyager 1 e 2 são naves idênticas, dotadas de câmeras de televisão (desligadas para economizar energia e memória de computador), sensores infravermelhos e ultravioleta, magnetômetros, detectores de plasma e sensores de raios cósmicos e de partículas carregadas.

Os sinais de volta são enviados com uma potência de 20 watts, o equivalente a uma lâmpada de refrigerador, tornando-os tão fracos que só podem ser captados pelos grandes "ouvidos" da Nasa, no Deep Space Network.

Um momento chave aconteceu em 2004, quando a Voyager 1, então a cerca de 14 bilhões de quilômetros de distância, cruzou o "choque de terminação", quando as partículas expelidas do sol, denominadas de vento solar, começam a interagir com os raios cósmicos de espaço interestelar.
Em 2010, a sonda atingiu uma espécie de calmaria, onde o vento solar se dissipa. Dois anos depois, uma oscilação de partículas de alta energia detectada por seu sensor de raios cósmicos indicou que a pequena exploradora tinha alcançado a heliopausa, que divide a região solar da influência do espaço interestelar.

A transição desta ampla fronteira levou muito tempo para ser descoberta, mas o cientista do projeto Voyager, Ed Stone, a confirmou.

Dados enviados de volta pelas duas sondas já tinham arruinado as descrições nos livros didáticos que mostram o Sistema Solar como sendo esférico. Ao invés disto, a periferia do sol ou heliosfera é ovalada.

O 'fundo' do ovo é achatado por uma colisão permanente entre o vento solar e a explosão de partículas de outras estrelas. Lallement disse que os astrofísicos estão ansiosos por saber se Voyager 1 confirmará suas teorias sobre o espaço entre as estrelas.

"Se algum dia enviarmos sondas para as estrelas vizinhas, que tipo de ambiente podemos esperar delas?", questionou. "Até agora, todas as nossas teorias se baseiam em modelos de computador, não em dados observados", acrescentou.

Os instrumentos da Voyager terão que ser desligados permanentemente em 2025, reportou nesta quinta a revista científica americana Science.

No entanto, especialistas dizem que a nave pode continuar a viajar indefinidamente, avançando a mais de 17 km/segundo. Pode parecer muito rápido, mas o espaço é grande.

No ano 40.272 - sim, daqui a mais de 38 mil anos -, a Voyager 1 se aproximará da estrela mais próxima em seu atual curso. A sonda estará então dentro de 1,7 ano-luz de uma estrela pequena da constelação de Ursa Menor, chamada AC+79 3888, afirma a Nasa em seu site.

CB

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