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segunda-feira, 30 de maio de 2016

. O uso de reatores anaeróbios no tratamento de águas residuárias de indústrias é cada vez mais frequente no Brasil.

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O uso de reatores anaeróbios no tratamento de águas residuárias de indústrias é cada vez mais frequente no Brasil. Projetado com os parâmetros operacionais corretos, o reator anaeróbio remove altas concentrações de matéria orgânica e gera como co-produtos biogás e uma quantidade de lodo (biomassa) menor que o processo aeróbio. Na Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP, uma pesquisa desenvolveu o protótipo de um reator anaeróbio híbrido com baixo custo de construção, patenteado por meio da Agência USP de Inovação, que removeu grande parte da matéria orgânica e da toxicidade do efluente produzido por um abatedouro.

Segundo a professora Teresa Cristina Brazil de Paiva, que coordenou a pesquisa, o reator é constituído por três compartimentos biologicamente ativos e acoplados em fluxo ascendente. “No primeiro, a água residuária é degradada por uma biomassa anaeróbia (sem oxigênio) granulada”, conta. “No segundo, a água residuária passa pelo compartimento com biofilme para filtração e biodegradação anaeróbia (por meio de micro-organismos) da matéria orgânica residual proveniente do primeiro compartimento”.

No terceiro compartimento, ocorre uma decantação (separação) da biomassa cisalhada do biofilme ou sólidos que compõem a água residuária e que ainda não tinham sido degradados. “Entre os compartimentos com biofilme e de decantação foi projetada uma estrutura para coleta do biogás produzido, sendo o mesmo direcionado para uso”, aponta a professora.

O protótipo foi construído com material sustentável, utilizando no compartimento de biofilme um resíduo sólido (poliuretano, usado em colchões) como meio suporte para crescimento dos micro-organismos anaeróbios, que degradam a matéria orgânica. “O biogás pode ser utilizado como fonte de energia renovável e a biomassa produzida pode ser desidratada e comercializada como biofertilizante, agregando valor ao processo”, destaca a professora.

Eficiência

O protótipo do reator, em formato cilíndrico, com volume útil de 3,5 litros foi inoculado com biomassa anaeróbia proveniente da lagoa anaeróbia existente na Estação de Tratamento de Esgotos de Lorena (interior de São Paulo). “O reator foi operado tanto com esgoto doméstico quanto com água residuária de matadouro”, relata Teresa. “Em ambas as condições o reator foi submetido a variações de carga, demonstrando estabilidade na remoção de matéria orgânica e eficiência acima dos valores previstos pela literatura”.


Exemplo de Estação de Tratamento de Água – Foto: Divulgação/Saeg Guaratinguetá
Durante a pesquisa, constatou-se que a água residuária produzida pelo abatedouro para o qual foi projetado o reator apresentava grande toxicidade aguda e crônica. “O reator anaeróbio conseguiu fazer a remoção de parte desses compostos tóxicos, completada ao longo do sistema de polimento, chegando a 100% de remoção, com a necessidade de um pequeno gasto com energia apenas na secunda unidade do sistema, o processo aeróbio”, diz a professora. “Tanto o reator anaeróbio quanto as outras unidades que constituem o sistema apresentam baixo custo de construção devido aos materiais alternativos utilizados”.

A patente do reator anaeróbio foi registrada por meio da Agência USP de Inovação. “Pelo seu alto desempenho operacional, ele se mostrou eficiente para aplicação em indústrias geradoras de efluentes com alta concentração de matéria orgânica e que possuem biodegradabilidade para utilização do tratamento biológico, como as águas residuárias de abatedouros, frigoríficos, laticínios, cervejarias e destilarias, suinoculturas bovinoculturas e outras agroindústrias,”, relata Teresa. O processo também pode ser aplicado no tratamento de esgoto doméstico. “É um sistema que pode ser reproduzido com facilidade pelo setor industrial, para ser introduzido o quanto antes”.

O projeto do reator foi desenvolvido pelo engenheiro agrícola Erlon Lopes Pereira, na dissertação de mestrado “Tratamento da água residuária de matadouro utilizando um sistema constituído de reatores com biofilme”, defendida no Programa de Pós Graduação em Biotecnologia Industrial da EEL, com orientação dos professores Teresa Cristina Brazil de Paiva e Flávio Teixeira da Silva. O projeto contou com a colaboração dos alunos de iniciação científica Eduardo Rossi, Fernando Abreu e Patricia Saxer, junto com os técnicos Lucia Castro e Cleber Tomazi. Além do reator anaeróbio, o trabalho de Erlon também gerou mais dois protótipos patenteados.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Depois de doze anos em vigor, a lei brasileira que restringiu a posse e o porte de armas de fogo pode ser mudada

Depois de doze anos em vigor, a lei brasileira que restringiu a posse e o porte de armas de fogo

 País está prestes a ser alterada pelo Congresso Nacional. Desde 2003, o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826) vem sendo ameaçado por tentativas de revogação que agora podem ser concretizadas com a aprovação do Projeto de Lei 3.722/2012, que está pronto para votação no plenário da Câmara dos Deputados.

Em meio a polêmicas e bate-bocas públicos entre parlamentares, as mudanças no estatuto foram aprovadas no começo de novembro pela comissão especial criada na Câmara, de onde seguiram para o plenário. Se aprovada pela maioria dos deputados, a proposta ainda precisa passar pelo Senado Federal, onde o debate deve ser mais equilibrado.

O projeto, batizado de Estatuto do Controle de Armas, dá a qualquer cidadão que cumpra requisitos mínimos exigidos na proposta o direito de comprar e portar armas de fogo. Além disso, reduz de 25 para 21 anos a idade mínima para comprar uma arma e garante o porte de armas de fogo a deputados e senadores.

O embate em torno das mudanças extrapola os corredores do Congresso e opõe entidades da sociedade civil e especialistas em segurança pública. O tema também tem ganhado espaço nas Redes Sociais.
Com 15 milhões de armas de fogo (8 para cada 100 mil habitantes), o Brasil ocupa a 75ª posição em um ranking que analisou a quantidade de armas nas mãos de civis em 184 nações. No levantamento, feito pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (Unodc) e a Small Arms Survey – entidade internacional que monitora o comércio de armas e conflitos armados no mundo –, os Estados Unidos aparecem no primeiro lugar do ranking com 270 milhões de armas em uma população de 318 milhões de habitantes (mais de 85 armas para cada 100 mil habitantes).

Leia também: Projeto de Lei quer armar a população. Você é contra ou a favor?

Segundo o Mapa da Violência 2015, do total de armas no Brasil, 6,8 milhões estão registradas e 8,5 milhões estão ilegais, com pelo menos 3,8 milhões nas mãos de criminosos.

De acordo com o Ministério da Justiça, de 2004 a julho deste ano, 671.887 armas de fogo foram entregues voluntariamente por meio da Campanha Entregue sua Arma, prevista no Estatuto do Desarmamento.

 Redação