Atirador mata quatro na Catedral de Campinas (SP) e se mata; veja imagens
Homem fez mais de 20 disparos após a missa das 12h15. Atirador foi identificado como Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos, analista de sistemas. Polícia investiga motivação.
A cidade de Campinas, no interior de São Paulo, viveu uma tarde de tragédia. Um atirador abriu fogo dentro da Catedral Metropolitana de Campinas, matou quatro pessoas, deixou mais quatro feridas e se suicidou. A reportagem é de Paulo Gonçalves.
O ataque dentro da catedral aconteceu por volta das 13h - foi logo depois da missa das 12h15. A Catedral Metropolitana de Campinas fica bem no centro, de frente para a Avenida Francisco Glicério, uma das principais da cidade. Ao lado da catedral fica o principal ponto de comércio de Campinas. A região é muito movimentada, ainda mais no fim do ano.
As imagens do circuito interno da igreja mostram fieis ainda sentados nos bancos depois da missa. É quando o homem identificado como Euler Fernando Grandolpho, que está sentado no lado esquerdo do vídeo, se levanta e começa a disparar.
As pessoas correm, em pânico. Outras se jogam no chão. Nesse momento, segundo a polícia, Euler matou uma pessoa e feriu outra. É possível ver uma fumaça saindo no centro do vídeo. Euler vai para o meio da catedral, olha para trás e dispara novamente. Em seguida, coloca a mão no bolso e recarrega a arma.
Do lado esquerdo do vídeo, uma pessoa se levanta entre os bancos e sai correndo. Ao mesmo tempo, Euler olha em direção ao altar e volta a disparar, quando desaparece do vídeo.
Na sequência, dois policiais militares, que estavam próximos, entram na catedral e caminham em direção ao altar. Os guardas esperaram os outros fieis se protegerem para atirar contra Euler, que é atingido na costela. Ele cai entre os bancos e se mata com um tiro na cabeça.
Daniele Coutinho estava na igreja no momento dos disparos: “Ele só falou que ia atirar em todo mundo.
Falou assim: ‘Todo mundo para trás’. Na hora eu esbocei uma reação, aí ele pegou e veio na minha direção. Eu levantei e a moça falou: ‘Fica sentada’. Eu falei: ‘Não’. Na hora veio a imagem dos meus três filhos na cabeça. Aí ele falou assim: ‘Se você não for para trás, eu vou dar um tiro na sua cabeça’. Nisso tinha um senhorzinho do meu lado, o senhorzinho tirou a atenção dele. Foi a hora que ele deu um tiro no senhorzinho, aí eu saí correndo para fora. Foi a hora que o guarda municipal me puxou. Foi muito tiro, foi horrível. Isso não vai sair da minha cabeça, foi horrível.
Seu Pedro Rodrigues, de 66 anos, estava algumas fileiras atrás do assassino e viu tudo: "Uma pessoa se levantou, se posicionou na frente do casal e começou, assim, a atirar, a queima-roupa. Deu dois tiros no casal. Depois desses dois tiros, eu saí correndo; porque a minha reação foi essa, de fuga. Eu e outras pessoas. Mas eu ouvi que ele continuava atirando".
O padre Amauri Thomazzi, que rezou a missa, gravou um vídeo logo depois do tiroteio e relatou os momentos de desespero: “Eu rezei a missa das 12h15. No final da missa, uma pessoa entrou atirando e fez algumas vítimas. Ninguém pôde fazer nada para ajudar de forma nenhuma. Mas eu peço a oração de todos. Estamos todos bem. Não tem como entrar, não tem como sair da catedral nesse momento. Foram mais de 20 tiros aqui dentro e depois ele se matou".
A catedral permaneceu interditada durante toda a tarde para a realização de perícia. Os corpos das vítimas só foram retirados depois das 17h. Os bombeiros e o Samu fizeram o atendimento aos quatro feridos ainda no local. Em seguida, eles foram encaminhados a hospitais de Campinas. Apenas uma das vítimas teve alta até o começo da noite desta terça-feira (11).
A Flávia correu para o hospital quando soube que a mãe foi baleada com um tiro na perna. "Seu pai e sua mãe estavam na igreja?", pergunta o repórter. "Os dois estavam. Meu irmão me ligou". Mais tarde, soube que o pai estava entre os mortos.
No fim da tarde, a polícia revelou mais detalhes sobre o atirador. Euler Fernando Grandolpho tinha 49 anos e, segundo a polícia, era analista de sistemas.
Ele já tinha trabalhado como auxiliar de promotoria no Ministério Público da cidade de São Paulo.
A polícia ainda investiga o que levou o atirador a disparar dentro da igreja, mas já sabe que as duas armas que Euler usava tinham as numerações raspadas.
Segundo as autoridades, o atirador descarregou dois pentes de munição e ainda tinha mais dois dentro do bolso, além do revolver calibre 38 carregado e que não chegou a ser usado.
A PM afirma que agiu com rapidez porque estava com a segurança reforçada na região de comércio para as compras de Natal.
"Caso os policiais não estivessem tão próximos e não tivessem feito a ação como fizeram, com todo o cuidado, com certeza poderíamos ter mais vítimas. Tendo em vista que ainda restou, na posse do indivíduo, cerca de 28 munições.
Fora os disparos que ele efetuou antes, inclusive fazendo a recarga de munição na arma", declarou o Major Adriano Augusto Leitão, comandante do 8º Batalhão da PM.
"Nós não constatamos nada contra ele, exceto um ou dois BOs que ele fez como vítima. Um de injúria, me parece.
Algo de perseguição também. Então, não tem nada contra ele que possa dizer que ele tem antecedentes criminais. Nós não temos até o momento nenhuma informação sobre motivação", afirma o delegado José Henrique Ventura.
Um segundo ferido teve alta do hospital, por volta das 20h desta terça.
Dois continuam internados; um em estado grave.O presidente Michel Temer publicou uma mensagem sobre a tragédia em uma rede social. Disse que está profundamente abalado, que está rezando pela recuperação dos feridos e apresentou condolências às famílias dos mortos.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, também publicou mensagem de solidariedade às vítimas e disse que está acompanhando a apuração do crime.
Redação JRP
Fotos: Net.
Bolsonaro vence primeiro turno e enfrentará Haddad no segundo
O candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro ganhou com uma margem ampla o primeiro turno das eleições presidenciais do Brasil, mas disputará o segundo turno com Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT), em 28 de outubro
Com 99,57% das urnas apuradas, Bolsonaro, ex-capitão do Exército, de 63 anos, tinha 46,13% dos votos contra 29,13% para Haddad, indicado como candidato do PT pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Alívio no PT
Em um hotel no centro de São Paulo, onde Haddad dará sua coletiva de imprensa, houve gritos de alegria e alívio com a divulgação dos resultados.
Na esplanada dos ministérios de Brasília, os partidários de Bolsonaro reagiram com desilusão.
Enquanto isso, no bar do hotel Windsor, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, onde se espera que Bolsonaro se dirija aos eleitores, o clima mudou rapidamente do entusiasmo à preocupação.
As próximas três semanas vão pôr à prova a resistência do candidato, que quase morreu após sofrer um atentado a faca em 6 de setembro, durante comício eleitoral em Juiz de Fora (MG).
Também o coloca na obrigação de conquistar aliados, apesar do alto índice de rejeição.
"Apoio Bolsonaro porque nosso país precisa de um choque de ordem e é o único homem capaz de fazer isso pelo Brasil", disse à AFP Lourdes Azevedo, de 77 anos, pedagoga aposentada.
O resultado "é um pouco decepcionante, a gente esperava ganhar no primeiro turno. Agora fica mais difícil, o segundo turno é um risco", avaliou.
Após votar em São Paulo nesta manhã, Haddad disse estar convencido de que haveria segundo turno e começou a criar pontes com outros candidatos.
A chave para que Haddad se aproxime da porcentagem de Bolsonaro está em Ciro Gomes (PDT), que foi ministro da Integração Nacional de Lula e obteve mais de 12,49% dos votos.
Haddad lembrou neste domingo que, quando foi ministro da Educação de Lula, trabalhou ao lado da ambientalista Marina Silva e de Henrique Meirelles (centro-direita), que presidiu durante essa época o Banco Central. Estes dois últimos candidatos tiveram cerca de 1% dos votos, que poderão ser importantes no cômputo final.
Em declarações à imprensa, Ciro disse que discutiria com os líderes do PDT a posição do partido no segundo turno, mas antecipou um possível apoio a Haddad, ao declarar que irá fazer o que fez toda a vida, lutar pela democracia e contra o fascismo, declarou.
Embora tenham sido os mais bem colocados no primeiro turno, Bolsonaro e Haddad são, ao mesmo tempo, os candidatos com maiores índices de rejeição.
Haddad, ex-prefeito de São Paulo pouco conhecido em outras regiões, tentou se identificar com Lula e, assim, pôde herdar metade do eleitorado de seu mentor, sobretudo entre a população pobre, que melhorou suas condições de vida sob seus mandatos (2003-2010).
Mas também herdou o ódio que Lula inspira entre aqueles que condenam pelos escândalos de corrupção, revelados pela Operação Lava Jato e pela crise econômica em que mergulhou o país sob o mandato de sua herdeira política, Dilma Rousseff, deposta em 2016 pelo Congresso.
O centro e as alianças
Durante a campanha, Haddad "se esqueceu muito do centro, que é fundamental. Sem o centro não se ganha uma eleição e menos ainda se governa, então precisa desse apoio já. São três semanas, uma campanha curtíssima, e mais ainda tem que pensar na governabilidade, estabelecendo compromissos com esses setores", disse André César, da consultora Hold em Brasília.
Na última semana, Bolsonaro recebeu apoio de setores poderosos, como os ruralistas e as igrejas evangélicas.
Mas precisa lidar com um histórico de declarações racistas, misóginas e homofóbicas e com suas justificativas da tortura durante a ditadura militar (1964-1985), que lhe renderam uma ampla rejeição entre as mulheres e as minorias.
Em seu último vídeo no Facebook, o candidato prometeu governar "inclusive" para ateus e gays.
"Vamos fazer um governo para todos, independentemente da religião, até para quem é ateu. Vamos fazer um governo para todo mundo, para os gays, inclusive, porque tem gay que é pai, que é mãe", publicou.