Desgaste na diplomacia passa por prisões de brasileiros a nacionalização de petróleo
Apesar de todos os esforços, as relações diplomáticas entre o Brasil e a Bolívia não são tão tranquilas como parece. Exemplo disso é que, de tempos em tempos, surge alguma polêmica para abalar a diplomacia entre os dois países. O último deles foi o polêmico caso envolvendo o senador boliviano Roger Pinto Molina, que fugiu para terras brasileiras com a ajuda de diplomatas. A fuga custou o cargo do agora ex-ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, demitido nesta última segunda-feira (26) após reunião com a presidente Dilma Rousseff.
O senador boliviano Roger Pinto Molina, pivô da atual rixa entre Brasil e Bolívia, estava asilado na embaixada brasileira em La Paz há mais de um ano. Ele é perseguido pelo governo por estar sendo acusado de corrupção. Na última madrugada de sábado (24) para domingo (25), Molina fugiu ao Brasil em um carro oficial do governo brasileiro. A Bolívia pede explicações.
O mesmo senador também estava indiretamente envolvido em outro episódio que gerou atrito entre os governos de Brasil e Bolívia. Em novembro do ano passado, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que trazia o ministro da Defesa, Celso Amorim, de volta de Santa Cruz de La Sierra, foi revistado. Policiais bolivianos entraram na aeronave com cães farejadores e fizeram uma revista em busca de Roger Pinto Molina, asilado na embaixada brasileira daquele país. Este caso ficou em segredo durante nove meses e só veio à tona quando o presidente boliviano, Evo Morales, teve seu avião revistado na Europa, por suspeitarem que ele trazia a bordo o ex-agente da Cia Edward Snowden, responsável por revelar o esquema de espionagem norte-americano.
Outro caso envolvendo as relações diplomáticas entre os dois países foi o dos 12 torcedores do Corinthians detidos na cidade boliviana de Oruro. O grupo foi acusado pela morte do garoto Kevin Spada, atingido por um sinalizador durante a partida entre o clube paulista e o San José, válida pela Taça Libertadores, em fevereiro deste ano. Sem provas concretas da participação dos suspeitos na morte do menino, a polícia da Bolívia deteve os torcedores em uma prisão com condições precárias. O episódio estremeceu a relação entre os países. Todos os 12 detidos já foram libertados pela justiça boliviana e estão no Brasil, mas a libertação só ocorreu depois de muita negociação e desgaste diplomático.
Já no ano de 2006, quando o presidente do Brasil ainda era Luiz Inácio Lula da Silva, a nacionalização do petróleo e gás das estações da Petrobras na Bolívia também gerou desgaste. Na ocasião, o presidente boliviano, Evo Morales, ordenou a ocupação pelo Exército dos campos de produção das empresas estrangeiras no país, entre elas a estatal brasileira.
JB
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