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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Trânsito - Mais de oito mil vítimas inocentes

Em 1976, estando eu no cargo de diretor-geral do Detran do recém criado Estado do Rio de Janeiro, oriundo da fusão com o Estado da Guanabara, recebi a visita do maior empresário da Alemanha em sinalização gráfica horizontal. Deveria retribuir as gentilezas que recebi dele quando visitei a sua pátria. Ele me proporcionou um “tour” de visitas pelas estradas e cidades da Bavária, terminando na Floresta Negra, em Baden Baden. Hern Josef Shinupp, este era o seu nome, fornecera o “know how” para a Sinaliza, empresa de sinalização rodoviária do grupo Ipiranga de Petróleo, da qual eu fora diretor superintendente, nos anos 71, 72 e 73.
Como compensação ao que dele recebera, levei-o até São Paulo, onde eu trabalhara nos anos de 73 (final) e 74, ajudando a reformular o trânsito do cento da cidade. Por causa disto, fizera por lá excelentes amizades, que duram até hoje e, valendo-me delas, propiciei ao meu convidado várias recepções, como só a elite paulista sabe fazer.
Viajamos no meu carro particular, e durante a viagem lhe perguntei como classificaria a Via Dutra, nos padrões da Alemanha. Resposta surpreendente: “De terceira categoria”.
Naturalmente, para ele, afinal as estradas que eu havia trafegado na Bavária, eram de quatro faixas em cada sentido, separadas por defensas metálicas capazes de absorver os choques dividindo com o veículo as deformações resultantes, dotadas de telas capazes de evitar o ofuscamento dos faróis dos tráfegos em sentido contrário, repetem a colocação de defensas, nas laterais e, em alguns locais, com o dobro da altura, uma sobre a outra, aumentando a proteção para as saídas da pista, os leitos das mesmas corrugados  imitando frisos dos pneus, a fim evitar os efeitos de aquaplanagem, as faixas horizontais pintadas com tinta refletorizada com micro esferas de vidro, telas nas laterais, a fim bloquear o acesso de animais silvestres e, uma supervisão por câmaras de TV, a fim de informar aos diversos centros de controle o que de errado está existindo, uma vez que não existe limite de velocidade, com o propósito de acionar o policiamento móvel e volante.
Complementando toda esta perfeição, a proibição de circulação de caminhões, considerado tráfego lento, nos fins de semana e feriados. Foi comum, durante o meu “tour” instrutivo, num Mercedez 500, na velocidade de média de 180 km, sermos ultrapassados pelas Ferraris e Porches, a mais de 200 km.
Quando, na minha primeira gestão no Detran, em 1968, pude participar de uma patrulha vespertina, sobre as “autobahnen” do estado de Hessen, em helicóptero, dotado de auto falante e câmera fotográfica para verificar e corrigir o que de errado era visto.
E aqui, no nosso Pindorama, cujo drama macabro começou no governo Collor, ao transferir para Brasília o então DNER, o que provocou a aposentadoria, em massa, dos experientes engenheiros de seu eficiente quadro? Não satisfeito ainda cometeu o crime de retirar a Polícia Rodoviária Federal, da subordinação do ministério dos Transportes, passando-a para o ministério da Justiça,privando o engenheiro de tráfego do seu braço direito, o policial especializado, mantendo o Denatran e o Contran no ministério das Cidades.
Legítimo ‘clone” do “Samba do crioulo doido”, de autoria do genial e inesquecível Sérgio Porto.
Agora me respondam, com toda sinceridade, estas 8200 mortes noticiadas na grande mídia ocorridas em 2014, foram por culpa dos mortos ou das visíveis deficiências das rodovias do nosso Pindorama?
Hoje, segunda-feira de carnaval, quando é publicado este artigo, veemente crítica aos que deviam zelar pela vida dos motoristas que pagam os seus impostos, já deve ser elevado o número de vítimas, que terão como justificativa das autoridades a sua imprudência.
Não são culpados, são vítimas de uma conjuntura assassina e, impune.
Celso Franco

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