Artefato que feriu cinegrafista foi lançado por manifestantes, diz polícia
Santiago está internado em estado grave, com afundamento no crânio. Ele foi atingido por um rojão durante protesto
Em entrevista coletiva, na chefia de Polícia Civil, o
delegado Maurício Luciano, da 17ª DP (São Cristóvão), disse ter convicção de
que o artefato que atingiu o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade,
na noite desta quinta-feira, no Centro do Rio, não foi jogado pela Polícia, mas
sim por manifestantes.
O policial acredita que imagens das câmeras da Prefeitura,
do Exército, da SuperVia e do próprio cinegrafista podem ajudar a identificar o
autor do crime.
Já o técnico do Esquadrão Anti-bombas da Core, Elington
Cacella, explicou que o artefato que feriu Santiago tem o nome de rojão de vara
ou rojão treme-treme e tem 60 gramas de explosivo. Este tipo de
artefato, segundo ele, é vendido nas casas de fogos e apreendido com frequência
nas manifestações.
As investigações sobre o artefato
explosivo que atingiu o cinegrafista Santiago Andrade seguem duas linhas
periciais, além dos depoimentos das testemunhas, disse o chefe de Polícia
Civil, Fernando Veloso. Santiago está internado, em estado grave, no Hospital
Souza Aguiar, aonde chegou com afundamento de crânio e passou por uma cirurgia
durante a madrugada.
Os peritos do Instituto de
Criminalística Carlos Éboli (ICCE) receberão todas as imagens coletadas pela
polícia, inclusive as feitas por emissoras de televisão, para tentar elaborar
um desenho em que conste o local exato onde estava o cinegrafista e a possível
trajetória que o artefato fez antes de atingi-lo.
entenas de pessoas participaram
ontem de mais uma manifestação contra o reajuste nas tarifas de ônibus no Rio
de Janeiro, que passarão de R$ 2,75 para R$ 3 neste sábado (9). Os
manifestantes entraram no prédio da Central do Brasil no início da noite e houve
confronto com a polícia no terminal de trens e nos arredores.
Na noite de ontem, dirigentes do
sindicato estiveram no hospital Souza Aguiar, acompanhando o caso. A informação
é que ele foi atingido no ouvido e nuca e chegou à unidade com afundamento de crânio.
Além de Andrade, mais seis pessoas foram levadas para o hospital depois do
protesto contra o aumento da passagem de ônibus.
A Associação Brasileira de
Jornalismo Investigativo (Abraji) emitiu nota ontem repudiando o ataque e
confirmou que este é o terceiro jornalista ferido em manifestações em 2014. Em
São Paulo, o repórter Sebastião Moreira, da Agência EFE, foi agredido por
policiais militares e o freelancer Paulo Alexandre sofreu agressões de guardas
civis, em janeiro.
Em nota publicada na internet, o
Grupo Bandeirantes de Comunicação disse que acompanha a evolução do quadro do
jornalista, com parentes dele no hospital, e que registrou o caso na 5º
Delegacia de Polícia.
Este é o segundo caso de repórter
cinematográfico da Band atingido durante conflitos, no Rio. Em 2011, Gelson
Domingos morreu vítima de um tiro de fuzil. À época, o sindicato dos
jornalistas responsabilizou a emissora por não fornecer equipamentos de
segurança aos seus profissionais.
JB
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