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terça-feira, 24 de julho de 2012

Pesquisador da história do Google lança livro com críticas sobre a empresa

'O Google diz que somos consumidores, mas a verdade é que os usuários são o produto que eles vendem como propaganda' (Matrix Editora/Divulgação)

 Pesquisador da história do Google lança livro com críticas sobre a empresa

"O Google diz que somos consumidores, mas a verdade é que os usuários são o produto que eles vendem como propaganda"
Poucas empresas no setor de tecnologia são tão benquistas quanto o Google, seja por seus serviços — buscas, navegadores, sistemas para celular, entre outros — quanto pela posição da empresa, conhecida por seu slogan “não seja mau”. Entretanto, a gigante tem seus críticos, e poucos são tão contundentes quanto o norte-americano Scott Cleland, especialista antitruste que já testemunhou três vezes no Congresso norte-americano sobre privacidade e práticas anticoncorrenciais na internet. Nascido em Michigan e defensor de direitos de privacidade e propriedade, Cleland visitou o Brasil — e Brasília — pela primeira vez, no início do mês, como parte do lançamento de seu livro Busque e destrua — por que você não pode confiar no Google Inc. (Matrix Editora, 348 páginas), em que ele destaca práticas da gigante de buscas que afetam a privacidade de usuários, derespeitam leis e governos — e como eles conseguem esconder isso do público.

Existem várias empresas envolvidas em questões antiéticas no setor de tecnologia. Porque o senhor prioriza o Google?
Há algumas razões. A primeira: o Google é único. Não há outra empresa no mundo com a missão de organizar toda a informação do mundo, e torná-la acessível e útil. Não dá para ser mais ambicioso do que isso. Essa missão os coloca em tudo: o monopólio da Microsoft, por exemplo, foi apenas em softwares para PC. Isso não afetou a Apple ou a Oracle. O Google permite que eles estejam em qualquer mercado que seja on-line — e eles estão. A outra razão é: me pediram para testemunhar no senado norte-americano, na época em que o Google queria comprar a DoubleClick (a transação foi concluída em 2007, por US$ 3 bilhões). Essa era a única empresa no mundo que tinha o mesmo alcance em publicidade on-line que a gigante. Quando me opus à aquisição, eu era o único analista que via um problema nisso. Eu os avisei, se a compra fosse concluída, o governo daria a eles um monopólio. Juntas, as duas teriam uma fatia de mercado maior que a de todos os concorrentes. No mundo dos negócios, o mais difícil é conseguir clientes. Você não sabe como é difícil: é preciso cortejá-los, negociar. O Google simplesmente os comprou.

Qual a diferença entre o Google e as outras empresas?
Quando testemunhei, eles me perguntaram sobre outras empresas, como Microsoft, Yahoo! e Facebook. O Bing, serviço de buscas da MS, é só parte do negócio deles. A pesquisa também nunca foi o principal negócio do Yahoo! — eles saíram, voltaram, e se tornaram uma empresa de mídia. Naquela época, o Facebook nem era tão conhecido. O Google prevaleceu sobre todos os concorrentes quando descobriu que a publicidade em buscas e em anúncios eram o mesmo negócio. São os mesmos usuários, os mesmos clientes e o mesmo conteúdo. Quando aprovaram a compra, sabia que o Google seria um grande problema. Nunca tivemos um monopólio que fosse global e em todos os mercados. Eu sabia das ambições deles, e sabia que eles eram antiéticos. Conhecia o modo como eles se comportavam há cinco, seis anos e que eles continuariam assim.


Fonte:Bruno Silva