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sábado, 4 de janeiro de 2014

Com derretimento do Polo Norte, temperatura global é questão-chave

Com derretimento do Polo Norte, temperatura global é questão-chaveDerretimento do Polo Norte provocado pelo aquecimento global faz aumentar a cobertura vegetal na região. As plantas, no entanto, não conseguem compensar a enorme quantidade de carbono liberada durante a perda do gelo

CB 


O aquecimento do planeta tem proporcionado um efeito paradoxal no Ártico: a vegetação está florescendo. Contudo, especialistas alertam que o verde que salpica a paisagem branca não deve ser visto como motivo de comemoração nem como um indicativo de que o aumento na temperatura global não é tão ruim quanto se diz. Segundo pesquisadores da Universidade da Flórida, a cobertura vegetal decorrente das mudanças climáticas é insuficiente para compensar a quantidade de carbono liberada com o derretimento do permafrost, a camada congelada abaixo da superfície. Nesse nível do Ártico, há o dobro de CO2 armazenado, comparado com o que circula na atmosfera.
Ursos polares perto da tundra que nasce no Ártico: verões curtos fazem com que sequestro de CO2 pelas plantas seja pequeno (Steven C. Amstrup/Divulgação - 14/12/10)
Ursos polares perto da tundra que nasce no Ártico: verões curtos fazem com que sequestro de CO2 pelas plantas seja pequeno


“O que acontecerá quando o permafrost derreter, lançando gases de efeito estufa que podem aumentar ainda mais a temperatura, é uma questão-chave”, diz Ted Schuur, diretor da Rede de Carbono do Permafrost e do Laboratório de Dinâmicas do Ecossistema da Universidade da Flórida. Depois de três anos estudando o primeiro modelo que simula os efeitos do aquecimento global sobre o permafrost, a equipe de Schuur apresentou os resultados da pesquisa em um artigo publicado na revista Ecology.



De acordo com ele, em princípio, o aumento do calor na região parece favorecer o ambiente. “Se você olha para o equilíbrio entre o que as plantas estão fazendo e o que o solo está fazendo, de fato a vegetação compensa tudo o que vem ocorrendo sob a superfície. A vegetação está crescendo mais rapidamente, ficando maior e sequestrando o carbono do ar”, diz. “Sob a perspectiva das mudanças climáticas, esta é uma coisa boa: a tundra compensando qualquer CO2 que seja liberado do solo”, reconhece. O problema, contudo, é que, no Ártico, os verões são muito curtos. O efeito positivo, portanto, passa muito rapidamente e não compensa os estragos que vêm sendo observados no subsolo da região.

Nos extremos polares, o permafrost — que está congelado permanentemente a muitos metros de profundidade há dezenas de milhares de anos — é muito vulnerável ao aquecimento global. “Nós continuamos a medir as emissões de carbono no inverno, e o que acontece é que as plantas perdem as folhas, ficam dormentes, mas os micróbios continuam a consumir o solo, liberando uma quantidade de carbono que anula qualquer benefício obtido no verão”, observa Schuur.

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