A Defensoria Pública da União (DPU) vai recomendar ao Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) que anule 14 das 90
questões do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Alunos de uma escola particular do Ceará tiveram acesso antecipado a esses itens.
Para o defensor público Ricardo Salviano, autor da recomendação que
será encaminhada na tarde desta sexta-feira, a anulação das perguntas e
respostas para os cerca de 4 milhões de estudantes que realizaram a
prova em todo o país é uma das duas formas de garantir que ninguém seja
prejudicado ou beneficiado por realizar as provas em condições
desiguais. A outra forma de preservar o princípio da isonomia entre os
candidatos é o Inep anular toda a prova, nacionalmente, conforme sugere
o defensor.
Após a confirmação de que o Colégio Christus, de Fortaleza (CE),
distribuiu aos seus alunos do ensino médio uma apostila com 14 das
questões usadas na prova do Enem, realizada no último final de
semana, o Ministério da Educação (MEC) decidiu anular as provas dos 639
estudantes da escola, que terão que refazê-la nos dias 28 e 29 de
novembro, quando serão aplicadas as provas à população carcerária.
Para Salviano, contudo, como o Enem é um concurso nacional, a
solução não pode se restringir apenas ao Ceará. O defensor dará um
prazo de dez dias para que o Inep, a partir do momento que receber a
recomendação, se manifeste. Caso o instituto não adote nenhuma das duas
providências sugeridas, a Defensoria poderá ajuizar uma ação civil
pública na Justiça Federal.
Uma ação civil pedindo a anulação integral da prova ou das 14
questões já foi ajuizada na Justiça Federal pelo Ministério Público
Federal no Ceará (MPF-CE). O procurador da República Oscar Costa Filho
também menciona a manutenção do princípio da isonomia para justificar a
ação impetrada na quinta-feira.