Isaac Ribeiro* - repórter
O Brasil ocupa posição de destaque na América Latina no desenvolvimento de uma vacina contra a dengue, que acomete 220 milhões de pessoas anualmente no mundo. Há uma espécie de concorrência mundial de empresas para o desenvolvimento de uma vacina segura e realmente eficaz contra a doença. Só a Sanofi Pasteur trabalha num candidato vacinal há vinte anos. Atualmente, ele está em fase de estudos clínicos com voluntários na Tailândia, Vietnã, Cingapura, Malásia, Austrália, Filipinas, Estados Unidos, México, Honduras, Colômbia, Peru, Porto Rico e por aqui também.
Rodrigo SenaVacina contra dengue, transmitida pelo mosquito aedes aegypti, é de altíssima prioridade para o Ministério da Saúde, que amarga altos custos com o tratamento dos infectados. Produção deve ser iniciada em 2014
Atualmente, vem sendo realizado um estudo epidemiológico, entra crianças e adolescentes de 9 a 16 anos de idade, num total de 750 participantes, nas cidades de Vitória (ES), Campo Grande (MGS), Fortaleza (CE), Goiânia (GO) e Natal (RN).Na última terça-feira, em São Paulo, o TN Família esteve na coletiva de imprensa da Sanofi Pauster, onde foram apresentadas as principais características da vacina, que tem previsão de lançamento para 2014 ou 2015, dependendo do andamento dos testes.
A vacina é tetravalente e imunizará as pessoas contra os quatro tipos de vírus da dengue. Quando estiver pronta, ela deverá ser aplicada em três doses, com intervalo de seis meses entre cada aplicação.
Segundo os produtores, a vacina terá eficácia de 70%, de acordo com a premissa acordada com autoridades regulatórias mundiais de saúde, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
"A Sanofi está muito confiante no êxito da vacina, tanto que já começamos a investir numa fábrica para sua produção. A dengue é um grande desafio em saúde, mas temos que também começar a pensar como poderemos ajudar os órgãos oficiais de saúde", comentou Lúcia Bricks, diretora de Saúde Pública da Sanofi Pasteur Brasil.
Já Pedro Garbes, diretor regional de Pesquisa e Desenvolvimento para a América Latina da Sanofi, ainda não há como afirmar prazo de validade e durabilidade da vacina em desenvolvimento. "Mas os estudos realizados nas Filipinas apontam que a vacina tem se mostrado eficiente por quatro anos. Porém, resultados mais definitivos só a partir de 2012, quando começarem a surgir os resultados definitivos." Mas há uma grande possibilidade de o patamar de eficácia ultrapassar os 70%, baseado no que já foi constatado nos resultados obtidos nos 13 mil voluntários do programa global.
A vacina é de altíssima prioridade para o Ministério da Saúde, que amarga altos custos com o tratamento dos infectados. Levando em conta apenas os gastos com hospitalização pelo Sistema Único de Saúde (SUS), decorrentes da dengue clássica e da febre hemorrágica da doença, já se foram R$ 120 milhões na última década (2000-2009), em mais de 140 mil hospitalizações.
Quando estiver pronta, a distribuição da vacina ficará a cargo das autoridades de saúde. "Acredito que em um primeiro momento não haverá para todo mundo; por isso a preocupação de definir idade, áreas de abrangência, critérios técnicos. Tanto que no próximo dia 26 haverá uma reunião com potenciais produtores da vacina para formular melhor esse plano. O objetivo é que ela seja incluída no plano nacional de erradicação da dengue e que seja gratuita para a população", informa Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde.