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sábado, 21 de janeiro de 2012

Brasil adia construção do maior telescópio do mundo




maior telescópio do mundoA construção do Extremely Large Telescope (ELT), o maior telescópio do mundo, pode não sair do papel caso o Brasil não cumpra o acordo de adesão ao Observatório Europeu do Sul (ESO), que deveria ter sido ratificado no ano passado, mas ainda não foi enviado para o Congresso Nacional.

Em 2010, o então ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, firmou um acordo para que o Brasil fosse incorporado ao ESO, tornando-se o primeiro país não europeu a fazer parte da instituição.
Sendo assim, o Brasil se juntaria aos 14 membros do observatório ainda em 2011, garantindo as condições financeiras para a construção do novo telescópio, previsto para entrar em operação em 2020.  
Como país membro, o Brasil teria direito de desfrutar da infraestrutura dos observatórios do ESO no Chile, além de ter poder de decisão sobre investimentos tecnológicos e a oportunidade de usar equipamentos já existentes e futuros, como o ALMA, em construção, e o ELT.

Investimento
Para fazer parte do observatório europeu e se beneficiar de toda a tecnologia disponível, o Brasil se comprometeu a pagar uma taxa de adesão de 115 milhões de euros (um pouco mais de 226 milhões de reais) em parcelas progressivas ao longo de dez anos; além de uma contribuição anual para custear novos investimentos, que deve somar mais de 287 milhões de reais até 2020.  
Desde a assinatura do acordo, em 2010, a bandeira brasileira figura entre as dos outros integrantes da organização e nossos pesquisadores já se beneficiam da tecnologia europeia. Cerca de 30% do tempo de observação pedido foi concedido, uma média compatível com a dos demais países participantes do consórcio.

Preocupação do ESO
Com a mudança de governo e a troca de ministros na Ciência e Tecnologia - saiu Sérgio Rezende e entrou Aloizio Mercadante - o processo está parado e ainda não foi encaminhado para o Congresso.
Segundo o diretor do ESO, Tim Zeeuw, a entrada do Brasil é necessária para a viabilização do ELT, orçado em um bilhão de dólares. "Quero acreditar que o governo brasileiro vai cumprir com o prometido, mas alguns países membros do ESO estão preocupados, pois vivemos um momento de crise financeira mundial em que é arriscado reservar o dinheiro destinado para o ELT por tanto tempo. Se a ratificação do Brasil não se der até o meio do ano pode comprometer o projeto e também a vaga do país no ESO", afirmou Zeeuw em encontro com jornalistas brasileiros no Chile.
O Ministério da Ciência e Tecnologia emitiu uma nota afirmando que a adesão do Brasil ao ESO está sendo reavaliada por causa dos cortes orçamentários em 2011. O MCTI, no entanto, afirma que "empregará todos os esforços" para que o país ingresse no ESO, o que "exigirá um processo de negociação amplo a partir da ratificação do acordo".
 
Maior telescópio do mundo
O ELT será o telescópio ótico mais potente do planeta, com um espelho de 40 metros de diâmetro que possibilitará coletar 15 vezes mais luz que qualquer telescópio em atividade. Vai ser construído no Chile, onde existem outros centros de pesquisa do Observatório Europeu do Sul.

Fonte:Folha Online