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domingo, 20 de maio de 2012

Tratamento doloroso de animais em nome de tradições volta a ser debatido



A briga é antiga, e ano após ano ganha doses extras de animosidade. Animais podem ser submetidos a condições dolorosas em nome das tradições culturais? Ou, mudando o viés da pergunta: a cultura de um grupo pode ser condenada sob a justificativa da preservação? O embate foi parar recentemente na revista científica Nature, na qual pesquisadores da Universidade de Silvicultura de Pequim, na China, denunciaram a criação em cativeiro de cerca de 10 mil ursos-negros asiáticos para a extração de sua bile, utilizada na medicina tradicional chinesa como remédio para tratar problemas da visão e do fígado.

Os autores do comentário, Xia Sheng, Haolin Zhang e Qiang Weng, argumentam que a prática de retirada da substância é cruel e causa sofrimento aos ursos. “A bile é repetidamente coletada de ursos vivos através de uma abertura introduzida cirurgicamente no duto biliar, um procedimento que é doloroso e angustiante para os animais”, escrevem. “Algumas empresas farmacêuticas usam uma variação dessa técnica que eles dizem não ferir os ursos.”

Os três lembram ainda que a ciência já consegue produzir a substância em laboratório. “No entanto, muitos pacientes ricos preferem o produto natural. Apesar dos benefícios de saúde serem controversos, tem sido usado pelas empresas para promover a criação de ursos (para esse fim)”, afirmam no comentário. “A China deve promover substitutos de bílis de urso por meio de campanhas de educação públicas. A legislação deve ser introduzida por uma lei de bem-estar do animal, o que pode eventualmente levar a uma proibição de fazendas de ursos”, defendem.


Fonte:Max Milliano Melo/CB