Cristina Kirchner expropriou 51% da YPF, maior empresado ramo de petróleo da Argentina, que pertencia a Repsol YPF
Argentina sofrerá retaliações por nacionalizar petroleira espanhola
“União Europeia vai boicotar a Argentina", diz especialista
A Argentina deverá sentir por muito tempo o impacto de seus planos de expropriar 51% da YPF, que era controlada pela espanhola Repsol YPF, medida que repercutiu de forma negativa pelo mundo, já que autoridades europeias, americanas e mexicanas criticaram a nacionalização. Cristina Kirchner alegou que a companhia precisava realizar mais investimentos para fazer frente à escassez energética do país sul-americano. Segundo Antônio Carlos Peixoto, cientista político da Uerj, a União Europeia (UE) vai aumentar a pressão em cima do governo portenho.
Protecionismo Argentino
“A crise econômica está fazendo com que cada um olhe para o seu umbigo. A Argentina entende que precisa defender a indústria montada no país. A lógica é defender o território nacional”, diz o especialista.
Além disso, o cenário provável é a intervenção estatal no mercado argentino para o setor de distribuição de energia e gás.
Influências pela América Latina
Um dos pontos mais críticos da disputa é a influência da tendência de expropriação se arrastar na região. No feriado do dia do trabalho, o presidente da Bolívia, Evo Morales, nacionalizou a empresa de eletricidade com capital espanhol TDE (Transportadora de Eletricidade S.A.), gerida pela Rede Elétrica Internacional, filial do Grupo REE (Rede Elétrica da Espanha), quando emitiu um decreto para assumir o controle de 100% das ações da companhia. Alex Jobim acredita em uma esfera de influência limitada, e não deve se espalhar pela região.
“Vários governos da América Latina são nacionalista - Argentina, Venezuela, Bolívia e Equador - e um dos efeitos dessas políticas é o protecionismo. O que pode influenciar é o regime de contágio entre eles”, afirma.
Brasil prejudicado no comércio
O Brasil também sofre restrição com a política protecionista, devido ao regime de licenças de importação imposto pela presidente Kirchner, uma vez que o importador argentino faz uma lista prévia ao governo do país solicitando o que quer comprar. O poder público autoriza ou não e ainda define a quantidade de produtos. Calçados, roupas, automóveis ou autopeças todos os setores são atingidos. O governo brasileiro apresenta contra-ataca. Entretanto, apesar das medidas tomadas pelo governo Dilma contra a posição do estado vizinho, Buenos Aires não deve ter mudança de postura.
“O Brasil vem tomando medidas de reciprocidade e retaliação contra o regime de licenças da Argentina. No entanto, a essência da política argentina não vai mudar, ou seja, eles vão proteger as indústrias deles” ressalta o professor Jobim.
A expectativa do Parlamento Europeu era que o principal poder econômico da América Sul, desse apoio às críticas formais da UE e condenasse o regime de Buenos Aires, devido aos atos impostos de licenças, mas o governo Rousseff adotou uma postura mais cautelosa.
“Não interessa ao Brasil criticar a Argentina pelo histórico das relações. A Espanha expressou críticas formais porque tem muito pouco a perder politicamente”, explica o analista do Eceme.
Segundo a UE, o Brasil também vem adotando políticas de restrição ao comércio, como taxação discriminatória na importação de carros, exigência de conteúdo local em telecomunicações, e mais procedimentos complicados para o setor de têxteis. Assim alguns analistas acreditam que os governos do PT têm caráter de maior proteção aos bens nacionais.
“O governo Lula começou com a adotar algumas medidas protecionistas e a Dilma está intensificando as medidas devido à crise internacional. Essas medidas estão acontecendo devido a um contexto internacional: menor balança comercial, câmbio real desfavorável e a China mais competitiva, isto é, importando produtos com maior valor de mercado, já o Brasil, importando commodities”, conclui Jobim.
Fonte:JB/Apuração: Rômulo Diego Moreira