Existem formas de vida extraterrestre? A questão de vida em outros planetas é um tópico palpitante em nossa cultura hoje. Os filmes e programas de televisão de ficção científica, com frequência, retratam criaturas estranhas de planetas distantes. Mas essas ideias não estão limitadas apenas à programação de ficção científica. Muitos cientistas seculares acreditam que, um dia, descobriremos de fato vida em outros planetas. Existem até mesmo projetos como o Search for Extra-Terrestrial Intelligence (SETI [Busca por Inteligência Extraterrestre]) que escaneia os céus com poderosos radiotelescópios em busca de sinais de inteligência alienígena. Muitos cristãos compraram a ideia de vida alienígena extraterrestre. Mas esse pensamento é realmente bíblico? Os cristãos devem examinar constantemente as ideias à luz da Escritura e levar “cativo todo entendimento à obediência de Cristo” (2 Co 10.5).
A ideia de vida extraterrestre origina-se grandemente da crença na evolução. Lembre-se de que, na percepção evolucionista, a Terra é “somente outro planeta” — um planeta em que apenas aconteceu de as condições serem corretas para a vida se formar e evoluir. Se existem incontáveis bilhões de outros planetas em nossa galáxia, então, com certeza, pelo menos um punhado desses mundos também possuem as condições corretas para a vida. Na visão de mundo evolucionista, a vida extraterrestre é quase inevitável.
Todavia, a noção de vida extraterrestre não se enquadra bem com a Escritura. A Terra é única. Deus projetou a Terra para ter vida (Is 45.18). Os outros planetas têm um propósito totalmente diferente do da Terra, por isso foram projetados de forma distinta. Em Gênesis 1, lemos que Deus criou as plantas da Terra no terceiro dia, os pássaros para voar na atmosfera e a vida marinha para nadar no oceano no quinto dia, e os animais para habitar na terra no sexto dia. Os seres humanos também foram criados no sexto dia e lhes foi concedido domínio sobre os animais. Mas em que passagem a Bíblia discute a criação de vida nas “luzes na vastidão dos céus?” Não há essa descrição porque as luzes na vastidão não foram projetadas para abrigar vida. Deus concedeu o cuidado da Terra ao homem, mas os céus são do Senhor (Sl 115.16). Da perspectiva bíblica, a vida extraterrestre não parece aceitável.
Há múltiplos problemas quando consideramos a possibilidade de vida alienígenainteligente. Abundam os programas de ficção científica com raças de pessoas que evoluíram em outros mundos. Vemos exemplares de vulcans e klingons — pseudo-humanos semelhantes a nós em muitos aspectos, mas distintos em outros. Como um artifício da trama, essas raças permitem a investigação da condição humana da perspectiva de alguém de fora. Essas raças alienígenas, embora muito interessantes, são teologicamente problemáticas. Seres alienígenas inteligentes não podem ser redimidos. O plano de redenção de Deus é para os seres humanos: os descendentes de Adão. Examinemos o conflito entre a mensagem da salvação e a noção de vida alienígena.
A Bíblia ensina que o primeiro homem, Adão, rebelou-se contra Deus (Gn 3). Como resultado dessa rebelião, o pecado e a morte entraram no mundo (Rm 5.12). Todos nós descendemos de Adão e Eva (Gn 3.20) e herdamos deles uma natureza pecaminosa (Rm 6.6,20). Isso é um problema: o pecado é uma barreira que impede o homem de estar bem com Deus (Is 59.2). Contudo, Deus nos ama a despeito do nosso pecado e proveu um plano de redenção — uma forma de sermos reconciliados com Ele.
Depois que Adão e Eva pecaram, Deus fez vestes de pele para cobri-los (Gn 3.21). Para isso, Ele teve de matar, pelo menos, um animal. Esse ato literal é simbólico da nossa salvação; um Cordeiro inocente (Cristo — o Cordeiro de Deus) seria sacrificado a fim de prover uma cobertura para o pecado (Jo 1.29). No Antigo Testamento, as pessoas sacrificavam animais ao Senhor como um lembrete do pecado delas (Hb 10.3) e como um símbolo daquEle por vir, o Senhor Jesus, que pagaria de fato a pena pelo pecado.
O sacrifício de animais não pagava a pena pelo pecado (Hb 10.4,11). Os animais não são aparentados conosco, o derramamento do sangue deles não vale pelo derramamento do nosso sangue. Contudo, o sangue de Cristo vale. Cristo é nosso parente consanguíneo, uma vez que Ele descende de Adão como nós; todos os seres humanos são “de um só homem” (At 17.26; NTLH). Além disso, visto que Cristo também é Deus, a vida dEle tem valor infinito, por isso sua morte pode pagar por todos os pecados de todas as pessoas. Por essa razão, só o Senhor mesmo podia ser nosso Salvador (Is 45.21). Por isso, Cristo morreu uma vez por todos (Hb 10.10).
Quando consideramos como o plano da salvação poderia ser aplicado a quaisquer seres extraterrestres hipotéticos (mas, do contrário, semelhantes ao ser humano), somos confrontados com um problema. Se existissem vulcans ou klingons, como eles poderiam ser salvos? Eles não são parentes consanguíneos de Jesus, portanto, o derramamento do sangue de Cristo não pode pagar pelos pecados deles. É necessário primeiro supor que Cristo também visitou o mundo deles, viveu lá e também morreu lá, mas isso é antibíblico. Cristo morreu uma vez por todos (1 Pe 3.18; Hb 9.27,28; 10.10). Jesus é agora e para sempre Deus e homem, mas Ele não é alienígena.
Talvez alguém suponha que seres alienígenas nunca pecaram, caso em que não precisariam ser redimidos. Mas, então, surge outro problema: eles sofrem os efeitos do pecado a despeito de nunca terem pecado. O pecado de Adão afetou toda a criação — não só a humanidade. Romanos 8.20-22 deixa claro que toda a criação sofre sob a escravidão da corrupção. Esses tipos de problemas esclarecem a questão de tentar incorporar uma noção antibíblica à visão de mundo cristã.
A vida extraterrestre é um conceito evolucionista; não é compatível com o ensinamento bíblico da singularidade da Terra e da posição espiritual distinta dos seres humanos. De todos os mundos do universo, foi a Terra que Deus mesmo visitou, assumindo também a natureza de um ser humano, morrendo e ressuscitando da morte a fim de redimir todos que creriam nEle. A visão de mundo bíblica contrasta de forma contundente com a secular no que diz respeito à vida alienígena. Portanto, que visão de mundo a evidência científica corrobora? As observações modernas sustentam a noção secular de que o universo é cheio de vida ou a noção bíblica da singularidade da Terra?
Até o momento, ninguém descobriu vida em outros planetas nem detectou nenhum sinal de ondas de rádio de alienígenas inteligentes. Sem dúvida, isso é o que um criacionista bíblico esperaria que acontecesse. Os astrônomos seculares continuam a buscar vida em outros mundos, mas encontraram apenas rochas e matérias inanimadas. Suas buscas com rádio encontraram o silêncio. O mundo verdadeiro é o mundo bíblico — um universo projetado por Deus tendo a Terra como o ponto espiritual central, não um universo evolucionário fervilhando de vida.
No que diz respeito à vida extraterrestre, a ciência opõe-se diametralmente à mentalidade evolucionista. Atualmente, não temos evidência de formas de vida alienígena. Os cientistas seculares não desistiram dessa busca. Diz-se que, certa vez, Enrico Fermi, cientista atômico, discutia o tópico de vida extraterrestre quando lhe fizeram uma pergunta sagaz: “Onde está todo o mundo?”. Visto que é bem possível haver muitos bilhões de planetas na nossa galáxia e uma vez que, na percepção secular, todos eles são acidentes, é quase inevitável que algum deles tenha as condições corretas para o desenvolvimento de vida. E se alguns desses mundos são bilhões de anos mais velhos que o nosso, então, pelo menos, alguns deles teriam desenvolvido vida inteligente eras atrás. Portanto, o universo deveria ter incontáveis civilizações tecnologicamente superiores, e qualquer uma delas poderia ter colonizado nossa galáxia eras atrás. Não obstante, não encontramos nenhuma evidência dessas civilizações. Onde está todo o mundo? Esse problema ficou conhecido como o “paradoxo de Fermi”.
Para a evolução, esse paradoxo é uma característica da criação. Vimos que a Terra foi projetada para a vida. Com certeza, a Terra — com seus oceanos de água líquida, a proteção da atmosfera contendo abundante oxigênio — foi projetada por Deus para ser habitada. Mas os outros planetas do universo não o foram. Das nuvens de ácido sulfúrico de Vênus ao solo congelado improdutivo de Plutão, os outros mundos do nosso sistema solar são belos e diversificados, mas não foram projetados para a vida.
Fonte:Texto extraído do livro Criacionismo: Verdade ou Mito? (CPAD), Ken Ham