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sábado, 31 de março de 2012

Google: tablet "superbarato" será vendido diretamente ao usuário


O Google está planejando o desenvolvimento de um novo tablet "superbarato", que chegaria ao mercado por cerca de US$ 199 - preço considerado baixo perto dos concorrentes Kindle Fire, Galaxy Tab da Samsung e o iPad, da Apple. A grande jogada da companhia, no entanto, está em como o aparelho será vendido. De acordo com o site Tech Crunch, o tablet chegará ao usuário diretamente pela loja online do Google.
A tática de venda para o suposto Tablet Nexus, sem passar por um intermediário como os sites de vendas online, garante vantagem em relação ao preço - tanto para o Google como para o consumidor, que saem "ganhando". 
Além disso, vender diretamente um produto ao usuário assegura maior controle do processo à empresa e ter uma relação similar a que a Amazon e a Apple têm com os consumidores.
Segundo o jornal Wall Street Journal, O gigante das buscas, no entanto, não deverá produzir o hardware do dispostivo. O novo tablet deve vir à vida a partir de uma parceria com fabricantes asiáticas como a Asus e Samsung, além da europeia Motorola, de quem o Google adquiriu a Motorola Mobility por US$ 12,5 bilhões recentemente.
Fonte:JB



Estudo mostra organização mais simples do cérebro



Estudo mostra organização mais simples do cérebro
Resultado pode gerar novos tratamentos para transtornos neurológicos

Organização do cérebro é mais simples do que se pensava, aponta estudo


Estudo liderado pelo neurocientista Van J. Wedenn, do Hospital General de Massachussets, em Boston, nos Estados Unidos, mostra que o cérebro humano se organiza de maneira muito mais simples do que se pensava. Em vez de um emaranhado de conexões aparentemente aleatórias, as fibras nervosas que transportam os sinais cerebrais estão dispostas em uma grade tridimensional interligada, sem lados nem regiões para executar tarefa específica. O  resultado foi publicado na  revista Science.
Os pesquisadores usaram um equipamento de imagem de alta sensibilidade para monitorar o movimento das moléculas de água nas interseções das fibras cerebrais e definir em qual sentido se cruzavam. Todas eram perpendiculares ou paralelas ao percurso original, formando um padrão semelhante ao dos fios de um tecido.
Imagem revela organização do cérebro
Imagem revela organização do cérebro
Wedeen compara a disposição à cidade de Nova York: "as ruas representariam as dimensões paralelas e os elevadores dos edifícios a perpendicular", assinala. Embora em escala menos complexa, o mesmo foi observado em outros animais, o que poderia indicar uma estrutura comum que modificou-se gradualmente durante o processo evolutivo. "A  simplicidade vista  é o motivo pelo qual ele consegue acomodar as mudanças”, acrescenta.
A expectativa é de que, a partir da descoberta, os cientistas consigam observar diferenças individuais em determinadas conexões  e, assim,  aprimorar o diagnóstico e desenvolver novos tratamentos para transtornos cerebrais, como o autismo e o mal de Alzheimer.
Fonte:JB

China fecha sites e faz detenções após rumores de golpe de Estado


A polícia chinesa prendeu um total de 1.065 suspeitos e apagou mais de 208 mil mensagens prejudiciais durante a campanha anti-internet que leva adiante desde meados de fevereiro, anunciou neste sábado a agência de notícias oficial chinesa.
Os operadores de mais de 3 mil sites de internet receberam advertências durante esta campanha, que tem por alvo, segundo a agência Nova China, o contrabando de armas, o tráfico de drogas e de produtos químicos perigosos, assim como a venda de órgãos humanos e de informações pessoais.
Recentemente, a China acelerou sua campanha de "limpeza" da internet, na qual muitos veem censura política.
O governo chinês anunciou neste sábado grandes restrições de utilização dos microblogs, o fechamento de vários sites e a prisão de pessoas acusadas de ter propagado rumores de golpe de Estado na China.
Neste sábado, os dois principais serviços de microblogs chineses, Sina Weibo e Tencent QQ, suspenderam a possibilidade para os internautas de fazer comentários on-line, oficialmente para lutar contra os "rumores perniciosos".
Os dois grupos afirmaram que esta medida ficará em vigor até o dia 3 de abril, num momento em que as autoridades demonstram um nervosismo crescente diante da onda de críticas que circulam nos microblogs.
Instabilidade política
A instabilidade política na China, e também o medo de uma desaceleração da economia chinesa, têm contribuído para derrubar índices das bolsas em todo o mundo, como ocorreu na quarta-feira, dia 22. No início deste mês, o Partido Comunista Chinês (PCC) destituiu Bo Xilai, um popular líder e governador de Chongqing, capital do aglomerado urbano que mais cresce no mundo - com cerca de 30 milhões de habitantes - a sudoeste do país.
Xilai era contra as políticas de modernização e as contínuas aberturas do regime comunista, que tem caracterizado o governo do presidente Wen Jiabao. Popular na ala conservadora do partido, o governador pretendia ocupar uma das nove cadeiras que exercem a liderança do país.
A saída de Xilai enfraquece ainda mais esta “oposição” conservadora, segundo o professor de História Econômica Pedro Paulo Bastos, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).  
“A expulsão dele significa um enfraquecimento ainda maior e a derrota de uma corrente, que não deve produzir arranjos mais sérios. A ala majoritária e modernizante continuará dominando e governando o país”, analisa.
Na China, os governantes das províncias têm muito mais autonomia e poder do que nos estados brasileiros, afirma o especialista. Assim, através de medidas alinhadas às políticas de Mao Tsé-tung, Xilai conseguiu se popularizar na classe mais conservadora do país. Bastos afirma ainda que a sua fama de “caçador de mafiosos” também lhe rendeu apoio.
“Mas aparentemente estas políticas de combate a máfia eram feitas para desmoralizar o antecessor dele. Ainda existem denúncias de que Xilai se utilizou de artifícios extremamente arbitrários, como torturar empresários para conseguir as concessões que ajudaram a província a prosperar”, analisa.  
Bastos relembra que o chefe de polícia acabou se refugiando na Embaixada dos Estados Unidos há algumas semanas, com medo de ser executado pelo líder.
 “Existem rumores de que Xilai pretendia mesmo ‘eliminar’ o chefe de polícia para acabar com as evidências de que ele ordenava tortura e maus tratos aos seus inimigos”, acredita.
Crise?
Os especialistas concordam que ainda é muito cedo para avaliar se a China está sofrendo uma crise política. O sociólogo Williams Gonçalves, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), afirma que dissidências dentro do partido são normais e que o PCC não funciona na “unanimidade”.
“As oposições no país são dentro do partido. De qualquer jeito, eu não acredito que nós tenhamos uma crise política, e sim uma divergência. A China já passou por momentos ainda mais decisivos, no começo da década de 90, quando a própria população se manifestou publicamente”, exemplificou.
A grande projeção deste caso no ocidente se deve a popularidade de Xilai e sua pretensão de liderar a China e comandar o PCC, afirma o especialista.
“Como as províncias tem um grau de autonomia muito grande, uma liderança regional tem enorme projeção, pois sua capacidade de tomar decisões é grande. A popularidade de Xilai realmente poderia o elevar a um líder ainda mais forte em âmbito nacional”, analisa.
Bastos concorda e afirma que o mercado acionário reagiu negativamente muito mais por temor à uma desaceleração chinesa do que os transtornos políticos divulgados, que ainda não representam ameaça ao país.
“Nós temos acesso à poucas informações dos movimentos políticos na China e não se conhece os meandros dos conflitos internos. Então, quando uma notícia destas sai causa um certo frenesi. Porém, não se pode afirmar qualquer crise”, conclui.
Apuração: Carolina Mazzi
Com informações da AFP

Vaticano apresentará novos detalhes sobre a Jornada Mundial da Juventude



Vaticano apresenta detalhes sobre a JMJ nesta segunda

Vaticano apresenta detalhes sobre a JMJ nesta segunda
Organizadores da Jornada da Juventude estão em Roma

Na próxima segunda-feira, 2, o Pontifício Conselho para os Leigos, órgão vaticano que coordena as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJs) apresentará novas informações para a JMJ Rio 2013.
A coletiva de imprensa está marcada para às 11h30, horário de Roma (6h30 em Brasília), na Sala João Paulo II e será conduzida pelo presidente do dicastério Cardeal Stanislaw Rylko, pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, e pelo presidente da Comissão Episcopal para a Juventude da CNBB, dom Eduardo Pinheiro da Silva.
Desde a quarta-feira, todos os responsáveis pelas JMJs estão reunidos no Encontro Internacional sobre as Jornadas Mundiais da Juventude, em Rocca di Papa, que fica na grande Roma, Itália.
Cerca de 350 pessoas de 98 países, entre elas representantes de 45 comunidades, associações e movimentos juvenis católicos, estão neste encontro que termina no domingo, 1º de abril.
De acordo com o coordenador da JMJ Rio 2013, monsenhor Joel Portella Amado, no primeiro dia de trabalhos do encontro, os representantes da JMJ de Madri apresentaram sua avaliação do evento realizado em agosto de 2011.
Na missa do Domingo de Ramos, presidida pelo papa Bento XVI, um dos diretores do Setor de Preparação Pastoral, diácono Arnaldo Rodrigues, servirá na celebração. A missa será transmitida às 4h30 (horário de Brasilia) pela TV Canção Nova.
Alguns representantes da delegação da Comissão Organizadora Local (COL) chegaram antes a Roma, na quinta-feira, 22, para uma série de compromissos. Segundo o padre Márcio Queiroz, diretor do Setor de Comunicação, eles visitaram diversas congregações e todos os organismos que estão diretamente ligados à JMJ, além do sistema de comunicação do Vaticano e o Pontifício Conselho para as Comunicações. 
“Graças a Deus temos tido bons resultados nesses encontros. Todos demonstram muita alegria em nos receber e estão dispostos a colaborar conosco nessa empreitada para a Jornada Mundial da Juventude”, ressaltou padre Queiroz.
Jantar na embaixada brasileira
O padre Zezinho também está no encontro das lideranças juvenis em Roma e conduzirá a ‘festa’ brasileira durante o evento. Estava prevista para esta sexta-feira, 30, uma apresentação, depois do jantar promovido pela embaixada brasileira junto a Santa Sé.
Fonte:JB

Cem pardais vão ampliar a fiscalização eletrônica das rodovias do Distrito Federal


Vias que têm um fluxo intenso de veículos como EPTG, Eixão e EPNB irão receber as câmeras. A meta do governo é chegar a 1.020 equipamentos

Cem pardais vão ampliar a fiscalização eletrônica das rodovias do Distrito Federal (Ed Alves/CB/D.A Press )

Cem novos pardais começarão a funcionar nas vias distritais até o fim de abril. Além da Estrada Parque Taguatinga (EPTG) e do Eixo Rodoviário, onde os aparelhos já foram instalados, outras pistas como a Estrada Parque Dom Bosco (EPDB), que corta o Lago Sul, terão mais radares com o objetivo de diminuir a violência no trânsito e os índices de acidentes. Após a conclusão do serviço, haverá 450 controladores de velocidade somente nas rodovias do DF, sem contar os 570 instalados nas vias urbanas.

Ao todo, o Distrito Federal chegará à marca de 1.020 medidores de todos os tipos (leia quadro). A Engebras assumiu, em dezembro último, o contrato para operar o sistema de fiscalização eletrônica do Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Segundo o órgão, a empresa ficará responsável pelo serviço durante cinco anos e receberá cerca de R$ 600 mil por mês, quando todos os 450 pardais das pistas estiverem em funcionamento. No entanto, a arrecadação total com multas aplicadas pelos aparelhos vai para os cofres do Governo do DF.

Fonte:Lucas Tolentino/CB

sexta-feira, 30 de março de 2012

Dilma na Época: Essa é a melhor carta que vocês têm?


Bom, os caras vão tentando com o que têm. Tá certo, tem que jogar o jogo. Se a Época acha que o eleitorado vai odiar a Dilma porque ela pegou em armas contra algo como, digamos, um governo Lula em que PSDB e DEM, além de todos os blogueiros de direita, estivessem no pau-de-arara (bom, o Olavo de Carvalho se auto-exilou, isso conta?), boa sorte.
A revista foi lançada só para que a foto da Dilma presa pudesse estampar as bancas como um cartaz de campanha, de maneira que as reportagens dentro são inteiramente secundárias.


Uma delas, que trata da atividade guerrilheira da Dilma, não acrescenta um único fato novo ao que já tinha sido mostrado no perfil publicado na Piauí, só dá um enfoque menos histórico, para caracterizar bem os guerrilheiros como criminosos comuns. A revista saiu só para isso.





Mas a segunda reportagem, sobre a vida de Dilma na prisão, é boa. A foto dos companheiros de cela reunidos é histórica, e o perfil de Dilma que emerge dos depoimentos dos companheiros – como, aliás, dos documentos do regime – é bastante positiva.
E, se Dilma já não tivesse meu voto, o teria ganho com isso:


À noite, as mulheres se reuniam para ver televisão. Dilma fazia parte do grupo que dormia tarde e, às vezes, assistia à sessão Coruja e, nos sábados de madrugada, ao seriado Jornada nas Estrelas. Márcia diz que Dilma brincava com uma expressão do Dr. Spock, personagem da série, quando surgia uma proposta considerada estapafúrdia: “Esta é uma questão de raciocínio lógico!”

Mas eu aproveito para fazer um experimento mental que eu sempre faço em conversas, mas não sei se já fiz aqui: chama-se “eu e a luta armada”.
1.
Eu já conheci bastante gente que foi para a clandestinidade durante a ditadura, e alguns que fizeram luta armada, mesmo. Vários dos que conversaram comigo me dissera algo que para mim sempre foi óbvio: se eu tivesse 18 anos no Brasil em 68, eu teria sido guerrilheiro.
Com 18 anos eu era socialista, militante estudantil, e, acima de tudo, achava importante provar que não era covarde (já passou, era excesso de hormônio; mas é por causa desse mesmo fenômeno que o exército recruta aos 18). Mais do que isso, eu sempre fui viciado em política, e se um reaça qualquer aparecer na minha casa dizendo que eu não posso mais fazer política, ou falar sobre política, do jeito que eu quiser, eu faço o corno engolir o próprio saco começando pela próstata.
EU ESTARIA ERRADO EM FAZER ISSO (não na parte de fazer o cara engolir o saco, na parte de me juntar à luta armada). Em primeiro lugar, e isso para mim tem um peso razoável, a luta armada não tinha a menor chance de ganhar. E, em segundo lugar, o que tem ainda mais peso, porque  socialismo era uma causa errada, como bem lembrou o Gabeira na sua boa resposta no último debate sobre ser um “ex-Gabeira”.

Mas, sobre esse último ponto, destaque-se o seguinte: quantas democracias ocidentais estavam dispostas a dar armas para quem quisesse combater a ditadura no Brasil? Foda-se o regime que você defende aí pra sua casa, ou na sua tese de doutorado, se você defender o pior regime para o meu país. Quem dava armas para a luta brasileira era Cuba, Argélia, enfim, regimes de esquerda. Era difícil não ter simpatia por essas coisas, em especial porque o MDB só começou a ficar interessante nos anos 70.
Um bom reflexo disso hoje em dia é o pessoal de esquerda que fica chamando todos os dissidentes de Cuba de agentes da CIA. Digamos que sejam (o que, obviamente, não são, ao menos todos): vocês queriam que eles fizesse o que? Se impressionassem com o imenso apoio que todo dia damos aos caras nas publicações e blogs de esquerda, e reconhecessem (lá da cadeia) que as políticas sociais do regime até que são boas? Não é mais natural que simpatizem com os EUA, que denunciam a ditadura que os governa? E não adianta dizer que os EUA fazem isso por interesse, porque a URSS também não dava ponto sem nó.
Além do mais, quem havia produzido o argumento definitivo contra a esquerda democrática brasileira foram os golpistas de 64. Jango era um péssimo presidente, mas levantou algumas bandeiras caras à esquerda, e as mesmas forças que haviam tentado derrubar todos os presidentes do período democrático, não importa o quão moderadas fossem, meteram os tanques no palácio. A mensagem principal do movimento de 64 era que o Brasil até poderia ter democracia, mas não era para a esquerda se entusiasmar com ela: se algo progressista pintasse na área, ia para o porão com o Fleury.
Os merdas de sempre vão dizer que há tantos ex-guerrilheiros no poder no Brasil hoje em dia (inclusive na oposição) porque, ah, sei lá, o Brasil virou comunista, o Foro de São Paulo, o Osama Bin Laden, o Dunga, enfim, alguma coisa do tipo. Mas olhando para os caras (se não quiser reconhecer mérito nos adversários, reconheça ao menos nos ex-guerrilheiros do “seu lado”), fica claro que muitos dos jovens que foram lá encarar o pau-de-arara eram mesmo vários de nossos melhores (claro, vários outros entre os melhores escolheram outros caminhos). Vocês acham que era remotamente possível que Fernando Gabeira não pertencesse à nossa elite política de algum modo, com a capacidade de articulação que o cara tem, mesmo se não tivesse sido guerrilheiro?
Eu ia querer me juntar com esses caras. Some-se isso aos outros fatores citados acima,  e é praticamente certeza que eu teria virado guerrilheiro.
2.
Mas, e aqui o experimento começa a ficar interessante, eu só nasci em 73, quando boa parte dos guerrilheiros já tinha morrido sob tortura, ou sido fuzilado após captura (o que, muito provavelmente, teria acontecido comigo). Eu fui adolescente durante a redemocratização, o que foi uma experiência fascinante. E, alterando-se assim os controles do experimento, eu, que certamente teria sido guerrilheiro nos anos 70, jamais pensei em sê-lo.
Em parte por ser socialista, fui fazer faculdade de ciências sociais, de onde, anos antes, muita gente saía para a clandestinidade. Vários do meus ex-professores eram ex-clandestinos. Um deles ficou surdo sob tortura. Quase todo mundo tinha sido do PCdoB, da Libelu, da ALN. Meu orientador de mestrado era althusseriano (e muito inteligente). Eu certamente fui mais exposto ao marxismo que qualquer um daqueles caras que viraram guerrilheiros.
Mas como ninguém me prendeu por isso, eu fui estudando esse negócio de socialismo, fui estudando esse negócio de socialismo, e acabei deixando de ser socialista. Hoje sou um social-democrata particularmente sem graça, um cripto-ortodoxo que defende a autonomia do Banco Central e escreve blog. A única semelhança entre eu e meu contrafactual guerrilheiro é que ambos seríamos Flamengo.
Não tenho a menor dúvida de que isso teria acontecido à imensa maioria dos moleques que foram pro pau em 68, se não fosse o regime militar. Eu conduzo esse experimento em mim mesmo há vinte anos, por isso respeitem aí minhas conclusões.
3.
A juventude sempre vai ter gente de tudo que é jeito, e uma das coisas que sempre vai ter é o jovem idealista. É bom que tenha, porque os velhos caquéticos pé-na-cova feito eu provavelmente somos já meio cínicos, e é preciso equilibrar.
É bom também que o establishment ofereça resistência fortíssima à novidade, porque só assim as novidades serão filtradas, ao menos para descartar os babacas que apóiam qualquer coisa só porque é novidade.
Mas o novo vai brigar com as armas que coloquemos à sua disposição. Se nós lhe opusermos argumentos – e nós estamos em uma idade melhor que a deles, em capacidade e disposição, para produzir argumentos -, os moleques vão ser obrigados a refinar seus argumentos. Se nós lhes ameaçarmos com armas, eles vão responder com armas; e quem está realmente no seu auge para o conflito físico, em capacidade e disposição, são eles (eu, por exemplo, estou meio acima do peso).
Os jovens entram com a dose necessária e periódica de renovação de que a democracia precisa, mas quem tem que manter uma democracia na qual eles aprendam a ponderar seus argumentos somos nós. O melhor título que eu já vi pertence a um livro do Rorty: “Cuide da Liberdade e a Verdade Cuidará de Si Mesma”. O mínimo que se pode dizer sobre a turma de 64 é que não cuidaram da liberdade (é como dizer que o Nardoni era um pai meio negligente); não reclamem se o nível da discussão política a partir daí não tiver sido o ideal.
A capa da revista não é sobre Dilma ter sido socialista. Se isso merecesse capa, ia faltar revista no Brasil: duvido que na Época não escrevam ex-socialistas, e Serra, por exemplo, certamente mereceria uma capa semelhante. A capa é para inspirar medo porque a geração da Dilma pegou em armas. Sugiro que na próxima edição a revista coloque na capa o Delegado Fleury, para o público jovem saber em quem ela estava atirando.
Não se trata de dizer que os guerrilheiros tinham razão. Mas seu erro estava em apoiarem coisas como o comunismo, não em pegar em armas contra um regime opressor, como antes deles fizeram os fundadores dos Estados Unidos ou da República Francesa. Eles foram corajosos, apostaram a vida, e, com frequência, a perderam, lutando por ideais pelos quais muitos dos seus críticos não aceitam sequer pagar imposto.
Por Viktor Melo