Morre tibetano que ateou fogo ao corpo em protesto contra a China
Nova Délhi - O tibetano exilado que ateou fogo ao próprio corpo na segunda-feira (26/3) em Nova Délhi morreu nesta quarta-feira (28/3), enquanto uma centena de outros manifestantes contrários à visita do presidente chinês Hu Jintao a capital indiana foram presos pela polícia. Jamphel Yeshi, 27 anos, imolou-se durante um protesto em pleno centro da cidade. Com o corpo em chamas, correu pela rua aos gritos. É a primeira vez que um tibetano morre desta maneira em um outro país que não a China. Suicídios similares acontecem com frequência desde março de 2011 nas regiões tibetanas chinesas.
A manifestação desta quarta-feira foi convocada por tibetanos exilados na Índia por ocasião da visita de Hu Jintao, que participará em uma reunião com os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na quinta-feira, para alertar contra a repressão chinesa ao Tibete. Segundo testemunhas, a polícia prendeu nesta quarta-feira dezenas de manifestantes, incluindo muitas mulheres, reunidos no mesmo local em que Yeshi cometeu o ato de imolação.
Estudantes tibetanos afirmaram ainda que a polícia os impediu de sair de suas casas e que as forças de segurança patrulhavam os bairros em que residem tibetanos exilados, na zona norte da capital. "Eu estou preso desde ontem em minha casa com 150 outros estudantes", declarou à AFP Paldin Sonam, 24 anos, militante tibetano que estuda na Universidade de Nova Délhi.
O porta-voz da polícia de Nova Délhi, Rajan Bhagat, assegurou que a polícia não foi enviada "às residências dos tibetanos, mas foi dada a ordem de não protestarem durante a reunião". A morte de Yeshi, que fugiu de seu país em 2006, foi constatada na manhã desta quarta-feira no hospital Ram Manohar Lohia.
Tibetanos que participavam da manifestação descreveram Yeshi como um homem sem emprego estável e que preparou com cuidado a ação. Ele tinha escondido uma garrafa de gasolina com a qual se molhou. Antes do anúncio da morte, Tenzing Choegyal, membro do Congresso da Juventude Tibetana, afirmou que seu amigo nunca esqueceu a tortura que sofreu pelos chineses no Tibete.
Quase 30 tibetanos, na maioria monges budistas, imolaram-se ou tentaram desde março de 2011. Muitos tibetanos afirmar sofrer com a repressão religiosa e cultural, considerada com uma forma de dominação dos Han, etnia majoritária na China. A China rejeita as acusações e considera o líder espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama, um perigoso separatista.
Fonte:France Presse