As ameaças iranianas, a caótica situação na Síria e a instabilidade no Afeganistão não são as únicas preocupações que rondam a mente de Barack Obama. A pouco menos de um ano para a eleição, o presidente dos Estados Unidos decidiu enviar, em dezembro passado, 100 conselheiros militares para a África Central, uma das regiões mais conflituosas do planeta. O motivo é nobre: ajudar o Exército de Uganda a encontrar Joseph Kony, o líder do Exército de Resistência do Senhor (LRA, pela sigla em inglês), uma milícia que já matou milhares de pessoas e sequestrou outras tantas, principalmente, crianças. Há três semanas, um oficial norte-americano disse que a missão da tropa estava sendo bem-sucedida. A falta de informações claras sobre a operação e a habilidade do LRA em enganar seus inimigos, no entanto, fazem com que analistas sejam cautelosos quanto ao anúncio. Eles também temem que a falta de um real comprometimento dos EUA com a região prejudique a já castigada população local.
O LRA é um grupo rebelde que surgiu em 1987, em Uganda, país que experimentou uma sucessão de ditaduras nas últimas cinco décadas. Com forte inspiração religiosa, a guerrilha se espalhou para as nações vizinhas — Congo, República Centro-Africana e Sudão do Sul —, invadindo vilas, estuprando e mutilando pessoas. Somente nos últimos três anos, foram mais de 2 mil sequestros e 1.012 mortes de civis. Kony, seu líder, se considera um messias. “Não são muitos combatentes, cerca de 200 ou 300, mas eles são capazes de causar um estrago imenso. A milícia atua em uma região do tamanho do estado da Califórnia”, compara Ashley Benner, analista política do Enough Project, uma organização que denuncia crimes contra a humanidade. Há seis anos, houve uma tentativa de negociação com o LRA, mas Kony se negou a assinar o acordo de paz.
Fonte:Carolina Vicentin