- Danos ao meio ambiente e destino do dinheiro proveniente da exploração destes poços são as principais queixas
A uma semana da 12ª Rodada de licitações, muitos são contra o leilão
A ANP explicou que o processo de cimentação, se bem feito, isola as áreas com aquíferos. No entanto, Fernando afirma que a cimentação está entre “um dos problemas mais sérios do mundo”. “O processo de fracking exige muita água e os produtores usarão a do aquífero. A ANP está deixando a viabilidade ambiental a cargo da empresa interessada. Não tem como fiscalizar isso tudo”, explica.
O leilão engloba sete bacias sedimentares com potencial para gás natural, ofertando 240 blocos exploratórios que vão desde o Acre até São Paulo, passando por 12 estados brasileiros. A área compreendida para a Rodada totaliza 168.348,42 km². Desses blocos, 110 são em novas fronteiras, com o objetivo de atrair investimentos para regiões ainda pouco conhecidas ou que tenham barreiras tecnológicas que precisam ser vencidas. Assim, se torna possível o surgimento de novas bacias produtoras de gás natural e de recursos petrolíferos convencionais e não convencionais, numa área que corresponde a 164.477,76 km².
Além desses, serão licitados ainda 130 blocos nas bacias do Recôncavo e de Sergipe-Alagoas, totalizando 3.870,66 km² de área. Diferente dos primeiros, esses têm o objetivo de dar sequência à exploração e produção de gás natural já existente na região.
André de Paula, advogado da Frente Internacionalista dos Sem Teto (Fist), é totalmente contra a 12ª Rodada, assim como também se opôs ao leilão de Libra. “A Petrobrás é a única empresa que tem condições de fazer descobertas e exploração em águas profundas. Se você não tem como explorar todo o petróleo, então explore aos poucos. Se a técnica de extração de gás não é dominada, sem um aparato regulatório definido, espere. O leilão de Libra já foi fechado por um preço irrisório. Em nenhum lugar do mundo se faz dessa forma”, diz.
Novamente, os danos ao meio ambiente aparecem como uma grande preocupação para todos os sindicalistas, inclusive André. “Ceder áreas para o capital internacional é acabar com o meio ambiente. A Petrobrás é a única que tem alguma preocupação ambiental. O governo brasileiro ignora os riscos, num ato inconseqüente. O leilão vai à contramão da tendência mundial”, explica.
Outra tecla bastante batida por quem é contra o leilão remete ao destino final do dinheiro advindo da exploração. Muitos clamam para que o que for achado em terras brasileiras seja investido no Brasil. No entanto, segundo André, “apenas migalhas virão”. “Queremos o dinheiro todo para educação, moradia e saúde, mas sabemos que apenas migalhas virão do leilão de gás”, lamenta.
O diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro), Francisco Soriano, concorda. Segundo ele, empresas estrangeiras que participarem da exploração estarão com um único objetivo: retirar o máximo que puderem. “Elas [empresas estrangeiras] não passam pelos objetivos nacionais brasileiros, apenas visam o lucro máximo. Essa riqueza não será revertida para a população. As empresas estatais que deveriam estar no controle. É a forma mais racional de obter lucro para a população”, explica.
Francisco atenta ainda para as poucas informações disponibilizadas. Para ele, a população não tem o mínimo controle sobre o que é feito pelas empresas. “Se você ligar para a Petrobrás, ela não te dá informações. Infelizmente não temos controle nenhum sobre empresas, nem sobre o mercado”, diz. Segundo Francisco, a palavra da presidente Dilma também ficou manchada. “Votei nela [Dilma]. Ela já disse que leiloar as áreas do pré-sal era um crime. Agora, leiloou. Nenhum país vende petróleo já descoberto. A maior parte dessa exploração não vai para os brasileiros”.
Por Amanda Rocha*
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