Documentos, fotos, registros e mapas resgatados pelo Arquivo Público recontam a história das desapropriações das fazendas que deram lugar à capital federal
Renato Alves
Publicação: 17/11/2013 07:00 Atualização:
Segundo Jader Oliveira, do Arquivo do DF, material irá para um site |
“A você tocou a parte mais trabalhosa, aquela que não se vê, que se desenrola no silêncio dos gabinetes: a da desapropriação de terras, sem o que Brasília não se faria jamais.” Esse é o trecho de uma carta escrita pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek, no Rio de Janeiro, em 10 de dezembro de 1974. Ela é endereçada ao goiano Altamiro de Moura Pacheco. Médico, farmacêutico, agropecuarista, escritor e empresário, o destinatário presidiu a Comissão de Cooperação para Mudança da Capital Federal, entre 1955 e 1958 (leia Para saber mais).
O grupo fez o levantamento e a desapropriação das fazendas compradas pelo governo de Goiás e repassadas à União para a construção do Distrito Federal. Agora, quase 60 anos depois, o Arquivo Público do DF (ArPDF) trata e digitaliza o que restou do acervo dessa parte da história de Brasília, desconhecida pela maioria dos seus moradores. Em duas semanas de trabalho, os historiadores identificaram relíquias, como fotografias inéditas da nova capital do país em obras.
O Correio torna pública algumas dessas raridades, garimpadas entre os 6.154 itens resgatados pelos técnicos do ArPDF. Entre elas, uma fotografia aérea da primeira missa de Brasília, onde se tem uma noção da quantidade de gente em torno da cruz de madeira fincada em meio ao Eixo Monumental, ainda sem qualquer asfalto. Todo o material estava guardado, com acesso restrito, no sobrado onde morou Altamiro Pacheco, no centro de Goiânia. Ele doou o imóvel, com o mobiliário de madeira nobre, os documentos, as fotografias e os mais de 10 mil livros à Academia Goiana de Letras.
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