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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Adotar é legal



Mostramos, a partir deste domingo, como é o trabalho de ONGs e dos protetores independentes de animais. E contamos histórias de quem leva um amigo pet para casa
 (Zuleika de Souza/D.A.Press)















Ter um animal de estimação não significa apenas diversão. É também uma grande responsabilidade e exige amor, carinho e cuidados que, muitas vezes, chegam a ser comparados àqueles que dispensamos aos filhos. diante de notícias frequentes de maus-tratos a animais, a escolha entre a compra ou a adoção de um novo amigo entra em discussão. “Nessa época do ano, o abandono cresce muito por causa de férias e viagens. Sem ter onde deixar o animal, as pessoas o largam na rua”, diz Vanusa Rocha Monteiro Lopes, presidente Sociedade Humanitária Brasileira de Proteção Animal (SHB), ONG com 10 anos de atividades.
Em ambos os casos, no entanto, o primeiro cuidado a tomar é pensar bem sobre os seguintes fatores: se onde você mora tem espaço suficiente para o animal escolhido; se está realmente disposto a cuidar dele por toda vida; se, em períodos de férias e ausência, pessoas estarão disponíveis para cuidar deles; se está disposto a gastar com veterinários e comidas; e, claro, se toda a família está de acordo em receber o novo integrante. “Muitas pessoas ligam com pena de animais abandonados, querem que nós o peguemos, mas não querem se envolver nos custos ou indicar alguma adoção. Aí não tem condição”, relata a restauradora de taxidermia Eliana Zanetti. Ela é dona de um abrigo, em funcionamento há apenas três anos, mas que já conta com 327 cães e 150 gatos para adoção. “No total de 1.300 animais nesse período, 600 já foram adotados”, contabiliza.
Após conhecer o abrigo de Eliana e o trabalho dos protetores de animais da capital, a professora de educação física Ana Lúcia Vieira, 45 anos, e a cirurgiã dentista Jaqueline Lourenço, 43, decidiram apoiar a causa e também viraram protetoras. Em apenas dois anos como voluntárias, as amigas decidiram, então, adotar pets. Com cinco cachorros e um gato, elas agora dividem a responsabilidade de cuidar desses animais — antes abandonados ou maltratados. “Adoção é tudo de bom. Desde que conheci o voluntariado, tive em mente que queria adotar, principalmente devido a quantidade de animais abandonados. Quando começamos a conhecer os protetores dos animais, queremos fazer parte também”, enfatiza Ana.
Por trabalhar com atletas com deficiência no Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cetefe), Ana Lúcia ajudou o Brasil a conquistar diversas medalhas no Parapan-Americano de Guadalajara de 2011 e a experiência com seus alunos a fez começar a cuidar, também, da pequena Aurora. Com apenas três anos, a cachorrinha teve paralisia cerebral quando nasceu e ficou sem poder andar. As dificuldades, no entanto, foram superadas com o tempo e os cuidados de sua dona. No início, ela apenas se locomovia para trás e, agora, já consegue se mover para frente. Mesmo caindo de vez em quando por causa da dificuldade na coordenação motora, a evolução da pet e a amizade das duas é motivo de orgulho para Ana: “Ela nunca deu trabalho. Desce três vezes por dia para fazer suas necessidades normalmente. Fico impressionada”.

Leis antigas
Foi com Decreto-Lei Federal nº 24.645, de 1934, que se iniciou a preocupação legal da proteção aos animais, tipificando aquilo que seriam os maus-tratos. Mais recentemente, com o artigo 32 da Lei Federal 9.605/1998, passou-se a considerar crime contra a fauna “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”. Em 2007, em âmbito distrital, pode-se citar a Lei 4.060, que estabelece multas pesadas aos maus-tratos, variando de acordo com a gravidade da infração e podendo chegar a R$ 2.250.
Para Vanusa Rocha Monteiro Lopes, da SHB, a Constituição se preocupa, mas deixa a desejar. “A população também não é educada, não tem respeito à vida e é gratificante quando conseguimos tirar pelo menos um animal do sofrimento”, afirma. Com despesas altas por causa dos cuidados veterinários para cada pet, além do número grande de animais em seus espaços, os abrigos lutam para que as leis em relação à proteção animal melhorem ou simplesmente sejam cumpridas.
Segundo ONGs e protetores independentes, políticas governamentais mais direcionadas diminuiriam consideravelmente as agressões, os abandonos e o número de animais em estado de risco. Segundo a presidente da SHB, a preocupação também atinge a esfera sanitária das cidades, pois o controle dos animais de ruas pode prevenir o crescimento desordenado desses bichos e evitar o surgimento de doenças. Para a dona da cachorrinha Aurora, Ana Lúcia Vieira, políticas de castração e inserção de chips — com os dados dos proprietários —, nos animais, por exemplo, também poderiam ajudar no combate desses problemas.

Agradecimentos
Sociedade Humanitária Brasileira de Proteção Animal (SHB)
Abrigo Augusto
Fonte: CB