Russos vão às urnas escolher novo presidente
MOSCOU - As seções eleitorais no extremo leste da Rússia abriram as portas neste domingo (em horário local) para as eleições presidenciais, em que o premier Vladimir Putin aspira a retornar ao Kremlin, anunciou a comissão eleitoral regional.
"As seções eleitorais abriram como estava programado. Tudo transcorre calmamente", informou Oksana Balynina, vice-presidente da comissão eleitoral de Chukotka, região rica em recursos naturais e situada no extremo leste da Sibéria.
Mais de 100 milhões de eleitores estão convocados a votar. As seções eleitorais abriram às 8h locais de domingo (a Rússia tem nove fusos, desde GMT+3 até GMT+12, como em Chukotka), e as primeiras estimativas serão divulgadas às 21h (17h GMT de domingo), após o fechamento dos últimos postos de votação, em Kalingrado (oeste).
Pesquisas divulgadas no fim de fevereiro apontam Putin como vencedor no primeiro turno, com cerca de 60% dos votos. Mas a oposição se esforçou para mobilizar os eleitores e tentar impor o segundo turno ao homem-forte do país, que viu sua popularidade diminuir.
Putin enfrenta quatro candidatos que cuidaram para atacá-lo frontalmente, e nenhum membro da oposição radical a Putin foi autorizado a se apresentar. O país viveu hoje um "dia de silêncio", seguindo a legislação eleitoral, que proíbe a campanha na véspera da eleição.
Em uma entrevista à imprensa estrangeira divulgada ontem, Putin disse estar certo de ter o apoio da maioria, inclusive nas grandes cidades e entre a classe média, de onde procedem os principais opositores.
A coalizão de oposição, que organiza desde as legislativas de dezembro - marcadas, segundo denunciou, por fraudes - manifestações de uma magnitude sem precedentes em Moscou em 12 anos, considerou que as eleições não podem ser democráticas, e previu uma nova concentração no dia 5, no centro da capital russa.
A campanha eleitoral foi marcada, segundo os observadores da organização russa Golos, pelo emprego maciço de recursos do Estado em favor de Putin e de uma política de intimidação.
"A campanha se distinguiu pela abundância de tentativas de difamação, dirigidas tanto à oposição quanto aos candidatos das presidenciais", ressaltou na quinta-feira a associação em um relatório.
O atual chefe de governo acusou os opositores de estarem a serviço do Ocidente, de prepararem eles mesmos fraudes eleitorais, e, inclusive, de quererem assassinar um dos seus, para, depois, acusar o regime.
Eleito uma primeira vez à presidência com 53% dos votos quando era chefe de Estado interino, após a renúncia de Boris Yeltsin, Putin foi reeleito triunfalmente em 2004, com mais de 71% dos votos.
O rápido aumento do nível de vida, graças à alta dos preços mundiais do petróleo e a uma política percebida como o restabelecimento do lugar do país no cenário mundial, nutriram esta popularidade, segundo sociólogos.
Obrigado a deixar o Kremlin em 2008, devido à proibição de um terceiro mandato consecutivo, Putin se manteve como o homem forte do país ao tomar a posição de primeiro-ministro, e ao lançar à presidência Dmitri Medvedev. Este se afastou para abrir caminho a seu mentor, e deve se converter em primeiro-ministro após a transferência de poder, prevista para maio.
Uma reforma constitucional ampliou o mandato presidencial de quatro para seis anos, e Putin pode, teoricamente, ficar no poder durante dois novos mandatos, até 2024. Analistas, no entanto, indicam que, embora a vitória neste domingo esteja clara, seu mandato pode ser mais complicado do que os anteriores.
"O movimento de protesto iniciado após as legislativas falsas de dezembro ainda não ameaça o controle do poder de Putin, mas é o sintoma de uma Rússia cada vez mais instável", considera o Conselho Europeu para a Política Externa, um centro de análises ligado à União Europeia.
O político Gennady Andreyevich Zyuganov, 67 anos, é o membro mais influente da oposição ao atual governo e segunda força para tentar desbancar o favoritismo de Putin. Apesar da superioridade financeira da campanha governista e da mídia, predominantemente anti-comunista, Zyuganov alcançou bons resultados nas últimas eleições.
O biolionário Mikhail Prokhorov, terceiro homem mais rico da Rússia, é o novato do pleito após se lançar em candidatura independente. Além de ser o mais novo dos candidatos, tem 46 anos, é também o mais alto - mede 2,4 m que lhe renderam o apelido de "Girafa" na juventude.
O advogado Vladimir Zhirinovsky, 65 anos, é uma figura controversa conhecida por suas brigas e crenças nacionalistas. O deputado, nascido no Cazaquistão, é fundador e líder do Partido Liberal Democrata da Rússia, a terceira maior bancada da Duma, o Parlamento russo. Atualmente, ocupa o cargo de vice-presidente da Casa.
O líder do Partido Rússia Justa Sergei Mironov, 59 anos, é um dos candidatos mais preparados entre os que concorrem ao pleito presidencial. Apesar da vasta experiência profissional, ele é diplomado em cinco áreas, Mironov não tem grandes chances de surpreender em sua segunda candidatura presidencial e deve figurar nas últimas colocações.
Fonte:France Presse/AFP