Helena Mader
Publicação: 07/06/2012 07:48
Alfredo Gastal, superintendente do Iphan no DF |
As duras críticas da Unesco com relação às irregularidades espalhadas por Brasília causaram mal-estar no governo brasileiro. O superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Alfredo Gastal, disse ontem que enviará uma nota à representação brasileira nas Nações Unidas a fim de fazer esclarecimentos a respeito do relatório da organização. Ele classificou o documento como “impertinente” e “impositivo”. Como o Correio mostrou na edição de ontem, os técnicos da Unesco em visita a Brasília indicaram problemas como os puxadinhos, as construções residenciais à beira do Lago Paranoá e a expansão sem controle da Vila Planalto.
O relatório será discutido durante a reunião anual do Centro do Patrimônio Mundial da Unesco, que será realizada a partir de 24 de junho, na Rússia. Os representantes poderão acatar ou rejeitar o documento e definirão possíveis sanções, como a retirada do título de patrimônio mundial da humanidade (leia Para saber mais). Apesar do tom rígido das críticas, especialistas não acreditam que isso possa ocorrer. “A Unesco não pode chegar e dizer que não se pode construir em algumas áreas, como fez. Esse relatório teve um tom muito impositivo”, reclamou Gastal.
Que avaliação o senhor faz do relatório divulgado pela Unesco?
Alguns trechos são extremamente impertinentes. A Unesco não pode chegar e dizer que não se pode construir em algumas áreas. Lucio Costa planejou Brasília para ser uma cidade viva, mas alguns acham que a capital é uma espécie de Versailles do século 21, como se fosse uma cidade morta. Qualquer grande metrópole precisa enfrentar os desafios da modernidade. Sou contra a cidade congelada. Ela é dos homens, e são os seus moradores que devem moldá-la.
O senhor viu algum ponto positivo no documento?
Sim, algumas das críticas são observações importantes. A questão do problema dos transportes públicos que eles citam no relatório é muito urgente. A chave da preservação de Brasília é racionalizar os transportes públicos. As pessoas que moram no Entorno sofrem muito para chegar ao centro da cidade. Discutir isso é garantir a qualidade de vida da população. Também concordo com as observações que fizeram sobre a margem do lago, que está sendo invadida por empreendimentos residenciais. Eles criticaram a expansão da Vila Planalto, e também sou da opinião de que aquilo é quase caso de polícia.
Fonte:JB