Carolina Bastos Dantas, secretária executiva da comissão
Testemunhas relembram depoimento emocionado de Dilma sobre tortura
Belo Horizonte — Para ter direito à indenização às vítimas de tortura oferecida pelo Conselho de Defesa de Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh-MG), não bastava ter sido perseguido político durante o regime militar. Era necessário denunciar a tortura sofrida em território mineiro, revelando as técnicas usadas pelos algozes, pormenores do ambiente das celas e, se possível, a identidade dos torturadores. “A pessoa precisava dizer como foi torturada. É por isso que o depoimento da Dilma conta a violência que ela sofreu em Minas”, pontua Caroline Bastos Dantas, que tinha 25 anos, em 25 de outubro de 2001. Ela havia sido contratada como secretária executiva da comissão mineira, encarregada de digitar os depoimentos pessoais. Trechos do testemunho de Dilma abriram a série de reportagens que o Correio/Estado de Minas publica desde domingo sobre a tortura a que a presidente foi submetida nos porões da ditadura em Juiz de Fora (MG).
Caroline não sabia que estava sendo testemunha ocular de um momento histórico, quando a então secretária das Minas e Energia do Rio Grande do Sul e futura presidente, conhecida por sua postura firme e decidida, deixou a emoção aflorar e chorou. Dilma já havia se emocionado em outros momentos da conversa, quando revelou ter sido colocada no pau de arara, levado choque elétrico e um soco no maxilar que fez o dente se deslocar e apodrecer. Mas desabou ao falar sobre o tratamento feito para conter a hemorragia no útero. “Não sei se foi pelo fato de ser mulher, mas nessa passagem ela não conseguiu se segurar”, diz o filósofo Robson Sávio, então com 31 anos e presidente da Comissão Especial de Indenização às Vítimas de Tortura de Minas Gerais (Ceivit-MG).
Fonte:Sandra Kiefer