West Lafayette (EUA) – Os padrões de pensar, sentir e agir de uma pessoa formam a sua personalidade, ou seja, o conjunto de características marcantes que compõem sua singularidade. É amplamente aceito que os traços pessoais, depois dos 30 anos, tornam-se bastante estáveis. Uma das teorias — há outras — defende que a personalidade pode ser dividida em cinco fatores: extroversão, amabilidade, meticulosidade, neuroticismo e abertura para novas experiências.
Segundo estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, publicado no Journal of Psychopharmacology, é possível imprimir alterações positivas na personalidade das pessoas com uma única dose de substância psicodélica, em ambiente controlado, sob supervisão terapêutica. Eles fizeram a experiência usando a psilocibina, ingrediente psicoativo de alguns cogumelos, e verificaram que ela pode provocar mudanças duradouras — notavelmente no domínio chamado “abertura para novas experiências”, que engloba o gosto estético, a sensibilidade, a imaginação, a fantasia, o pensamento abstrato, a criatividade, a tolerância e os valores.
As mudanças, medidas por um inventário de personalidade validado cientificamente, foram mais significativas do que as transformações comumente observadas em adultos saudáveis durante décadas de experiências de vida. “Normalmente, a abertura para novas experiências tende a diminuir à medida que as pessoas envelhecem”, lembra o pesquisador Roland Griffiths, que liderou o estudo.
Resistência
Não é fácil realizar pesquisas com drogas psicodélicas. Depois de banidas no fim da década de 1960, em decorrência da política pública de combate às substâncias psicotrópicas, elas só puderam voltar a ser estudadas devido ao prestígio, ao talento e à persistência de cientistas como Griffiths, professor do Departamento de Psiquiatria e Neurociências da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, onde trabalha há mais de 40 anos.
Aos poucos, um grupo seleto de especialistas tem conseguido reconquistar a confiança de organizações governamentais como a FDA, agência federal reguladora de remédios e alimentos dos Estados Unidos. Verbas para essa pesquisa vieram do Instituto Nacional de Saúde (NIH), e também houve ajuda significativa do setor privado e de organizações científicas como o Instituto de Pesquisa Heffter, que se esforça para oferecer apoio e devolver legitimidade a esse campo de investigação. Nas décadas de 1950 e 1960, os estudos clínicos com alucinógenos indicaram que eles poderiam ser grandes ferramentas psicoterapêuticas para a psiquiatria e a psicologia clínica.
De Baltimore, nos Estados Unidos, Roland Griffiths explica à reportagem que passou a maior parte de sua carreira pesquisando as drogas de abuso e a natureza do vício, por meio da investigação da farmacologia do comportamento de animais e seres humanos. Há 17 anos, começou a praticar meditação, que o alçou a uma nova perspectiva e o fez se interessar pela natureza da experiência mística e da transformação espiritual. Ele começou a investigar a bibliografia existente e verificou que na década de 1960 foram realizados experimentos com alucinógenos clássicos, tendo sido notado que esses podiam desencadear experiências místicas. Isso chamou sua atenção, e ele montou um estudo destinado a examinar o efeito da psilocibina em participantes selecionados entre voluntários que nunca haviam feito uso de drogas psicodélicas.
Vivências místicas
O primeiro estudo, realizado em 2008, provou que a psilocibina era altamente capaz de provocar experiências místicas, medidas de acordo com a psicologia da religião, utilizando como parâmetro relatos de vivências místicas espontâneas. “Os resultados me surpreenderam”, diz Griffiths. “Eu duvidava que esse tipo de experiência pudesse ser induzido por substância psicodélica. Mas os resultados foram claros e impressionantes. Por todos os instrumentos de mensuração disponíveis, as experiências místicas provocadas pela psilocibina eram semelhantes às ocorridas espontaneamente. Elas tinham significado pessoal e espiritual persistente. Até 14 meses depois da sessão experimental, as pessoas ainda classificavam o que tinham vivido como um dos eventos mais significativos de suas vidas”, relata.
A surpresa resultou em novos projetos de pesquisa, para que se pudesse compreender as inúmeras implicações dessa descoberta. O último resultado desse caminho que se descortinou foi publicado há pouco no Journal of Psychopharmacology: uma única dose de psilocibina pode provocar mudanças na personalidade. É importante ressaltar que a montagem do experimento exigia pelo menos oito horas de preparação dos participantes e um longo procedimento de avaliação de suas personalidades. E um monitor acompanhava o voluntário durante todo o tempo de duração da sessão experimental.
Segundo estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, publicado no Journal of Psychopharmacology, é possível imprimir alterações positivas na personalidade das pessoas com uma única dose de substância psicodélica, em ambiente controlado, sob supervisão terapêutica. Eles fizeram a experiência usando a psilocibina, ingrediente psicoativo de alguns cogumelos, e verificaram que ela pode provocar mudanças duradouras — notavelmente no domínio chamado “abertura para novas experiências”, que engloba o gosto estético, a sensibilidade, a imaginação, a fantasia, o pensamento abstrato, a criatividade, a tolerância e os valores.
As mudanças, medidas por um inventário de personalidade validado cientificamente, foram mais significativas do que as transformações comumente observadas em adultos saudáveis durante décadas de experiências de vida. “Normalmente, a abertura para novas experiências tende a diminuir à medida que as pessoas envelhecem”, lembra o pesquisador Roland Griffiths, que liderou o estudo.
Resistência
Não é fácil realizar pesquisas com drogas psicodélicas. Depois de banidas no fim da década de 1960, em decorrência da política pública de combate às substâncias psicotrópicas, elas só puderam voltar a ser estudadas devido ao prestígio, ao talento e à persistência de cientistas como Griffiths, professor do Departamento de Psiquiatria e Neurociências da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, onde trabalha há mais de 40 anos.
Aos poucos, um grupo seleto de especialistas tem conseguido reconquistar a confiança de organizações governamentais como a FDA, agência federal reguladora de remédios e alimentos dos Estados Unidos. Verbas para essa pesquisa vieram do Instituto Nacional de Saúde (NIH), e também houve ajuda significativa do setor privado e de organizações científicas como o Instituto de Pesquisa Heffter, que se esforça para oferecer apoio e devolver legitimidade a esse campo de investigação. Nas décadas de 1950 e 1960, os estudos clínicos com alucinógenos indicaram que eles poderiam ser grandes ferramentas psicoterapêuticas para a psiquiatria e a psicologia clínica.
De Baltimore, nos Estados Unidos, Roland Griffiths explica à reportagem que passou a maior parte de sua carreira pesquisando as drogas de abuso e a natureza do vício, por meio da investigação da farmacologia do comportamento de animais e seres humanos. Há 17 anos, começou a praticar meditação, que o alçou a uma nova perspectiva e o fez se interessar pela natureza da experiência mística e da transformação espiritual. Ele começou a investigar a bibliografia existente e verificou que na década de 1960 foram realizados experimentos com alucinógenos clássicos, tendo sido notado que esses podiam desencadear experiências místicas. Isso chamou sua atenção, e ele montou um estudo destinado a examinar o efeito da psilocibina em participantes selecionados entre voluntários que nunca haviam feito uso de drogas psicodélicas.
Vivências místicas
O primeiro estudo, realizado em 2008, provou que a psilocibina era altamente capaz de provocar experiências místicas, medidas de acordo com a psicologia da religião, utilizando como parâmetro relatos de vivências místicas espontâneas. “Os resultados me surpreenderam”, diz Griffiths. “Eu duvidava que esse tipo de experiência pudesse ser induzido por substância psicodélica. Mas os resultados foram claros e impressionantes. Por todos os instrumentos de mensuração disponíveis, as experiências místicas provocadas pela psilocibina eram semelhantes às ocorridas espontaneamente. Elas tinham significado pessoal e espiritual persistente. Até 14 meses depois da sessão experimental, as pessoas ainda classificavam o que tinham vivido como um dos eventos mais significativos de suas vidas”, relata.
A surpresa resultou em novos projetos de pesquisa, para que se pudesse compreender as inúmeras implicações dessa descoberta. O último resultado desse caminho que se descortinou foi publicado há pouco no Journal of Psychopharmacology: uma única dose de psilocibina pode provocar mudanças na personalidade. É importante ressaltar que a montagem do experimento exigia pelo menos oito horas de preparação dos participantes e um longo procedimento de avaliação de suas personalidades. E um monitor acompanhava o voluntário durante todo o tempo de duração da sessão experimental.
Fonte:Cibele - C B