O contador de Carlinhos Cachoeira, sacou no ano eleitoral de 2010 R$ 8,5 milhões que saíram dos cofres da Delta Construções. Único foragido da Operação Monte Carlo, Geovani Pereira da Silva é apontado pela Polícia Federal como tesoureiro do esquema de Cachoeira e, de acordo com investigadores, seria o elo financeiro do grupo com políticos. Ao que tudo indica, Cachoeira seria uma espécie de "sócio oculto" da Delta. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Perícias em sigilo bancário feitas pela PF mostram que Geovani sacou os recursos de uma conta bancária em nome de uma empresa em Brasília chamada Alberto e Pantoja Construções e Transportes Ltda. A empresa não existe no endereço declarado e, segundo a investigação, foi criada em 2010 somente para receber dinheiro da Delta.
A PF acredita que as somas sacadas por Geovani teria entrado diretamente nas campanhas eleitorais de políticos através de caixa dois. O esquema seria a principal maneira da construtora garantir sua influência no poder público sem levantar suspeitas, já que os doadores oficiais de campanha são listados na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral. Uma das maiores empreiteiras do país, a Delta viu seus negócios florescerem no Rio de Janeiro, onde acumula R$ 1,5 bilhão em obras desde o começo dos anos 2000.
O rápido crescimento da empresa no estado gerou suspeitas, sobretudo após a revelação dos laços estreitos com o governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ). Em 2011, a queda de um helicóptero em Trancoso (BA) explicitou a relação íntima do político com o dono da Delta, Fernando Cavendish. No entanto, a força da empreiteira não está restrita ao Rio. Graças ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Delta garimpou um aumento de 2.000%, saindo dos R$ 35 milhões em 2003 para R$ 862 milhões em 2011.
Em 11 de maio de 2010, a Pantoja abriu uma conta bancária em Anápolis (GO), terra natal do empresário. Onze dias depois, a Delta começou a transferir dinheiro para a conta. Apenas 72 horas depois do primeiro depósito, o contador de Cachoeira começou a retirar o dinheiro. A Delta afirmou, por meio da assessoria, que dará respostas quando for instada por "foro judicial adequado" e que as informações da PF pretencem a inquérito preliminar. De acordo com a Delta, as empresas que recebem verba são fornecedoras.
A defesa de Cachoeira disse que não responde a questões pontuais, pois o cliente segue em isolamento no Presídio Federal de Mossoró. No endereço declarado pela Alberto e Pantoja há uma empresa de lanternagem e pintura. O dono da oficina disse que está no local há quatro anos e que nunca ouviu falar da empresa.
PF de olho em empresas jornalísticas
A Polícia Federal também está atenta à movimentação de uma grande empresa de assessoria de imprensa, talvez uma das maiores do país, que estaria por trás da divulgação de uma série de informações cujo intuito seria atrapalhar as investigações da CPI montada para investigar as ligações de Carlinhos Cachoeira.
A empresa, que presta serviços à Delta, também auxilia grandes políticos e governadores pelo país. Entre suas especialidades, está o gerenciamento de crise. Os órgãos policiais e o Ministério Público já voltaram as suas atenções para a companhia, que deve ser o próximo alvo de devassas.
Fonte:JB