Moradores da Região Oceânica de Niterói se protegem como podem da crescente onda de violência contra moradias
Aumento no número de assaltos a residências tira a paz da população
No primeiro trimestre, o Rio teve aumento de 30,4% nesse tipo de crime; Niterói, 62,5%
O aumento nos casos de assalto a residência tem tirado a paz dos cariocas. Para tentar se proteger, moradores buscam se unir para encontrar formas de evitar que se tornem novas vítimas. No primeiro trimestre deste ano o Instituto de Segurança Pública (ISP) registrou na capital fluminense um aumento de 30,4% nesse tipo de crime. Em Niterói a incidência foi ainda maior, com aumento de 62,5% em comparação ao ano passado.
Na última semana, bandidos assaltaram três residências no Jardim Botânico e em São Conrado, ambos na Zona Sul do Rio. Moradores temem que o aumento nesse tipo de ocorrência esteja relacionado à política de combate ao tráfico nas favelas, que estaria fazendo com que os criminosos pratiquem outros crimes. Em uma das ocorrências do último fim de semana, policiais conseguiram prender um dos homens da quadrilha. O suspeito vinha do Morro do Tabajara, comunidade em Copacabana já ocupada pelas forças de pacificação, podendo indicar que traficantes destas comunidades estejam praticando outras formas de crime.
Após os crimes do último fim de semana, o comando do 23º Batalhão da Polícia Militar (Leblon) determinou que o policiamento na região fosse reforçado.
O Presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Jardim Botânico, Alfredo Piragibe, afirma que o policiamento chegou realmente a ser reforçado, no entanto, na quinta-feira (27) o patrulhamento já parecia estar novamente reduzido.
“No início da semana era possível notar um maior patrulhamento, inclusive a presença de uma viatura na rua onde os assaltos aconteceram. Mas ontem, o dia inteiro, não vi passar um carro pela rua Benjamim Batista”, disse.
Em Niterói, o número de roubos a residências saltou de 56, no primeiro trimestre do ano passado, para 91, no mesmo período de 2012. Preocupados com o aumento da violência, moradores têm buscado diferentes formas de proteção.
Após ter a casa roubada em fevereiro deste ano, o advogado Paulo Duarte, morador de Piratininga, na Região Oceânica da cidade, se reuniu com os vizinhos para discutir uma forma dos próprios moradores se vigiarem.
“Ligamos campainhas nas casas dos vizinhos. No caso dessa campainha tocar eles já ficam em alerta e podem buscar ajuda”, explica Paulo.
A Região Oceânica de Niterói é uma das áreas que tem experimentado grandes aumentos nos índices de criminalidade. Em resposta, o secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, anunciou medidas para combater a violência na cidade. Para o presidente do Conselho de Segurança da Região Oceânica, Renan Lacerda, o mais importante agora é a manutenção das conquistas e o cumprimento das promessas feitas, como a transformação da 81ª DP em Itaipu, numa Delegacia Legal, totalmente informatizada.
“Agora vemos um pouco mais policiais nas ruas, inclusive nos fim de semana quando simplesmente não existia”, disse. “Esperamos com muita ansiedade a mudança na 81ª DP. Sendo Delegacia Legal o tempo de atendimento cai vertiginosamente e os policiais ficam efetivamente com a parte investigativa”
Lacerda conta que vem implementando na região o projeto Vizinhos Integrados com a Polícia, em que o foco é a integração dos moradores entre si, e com a polícia. O projeto tem como base a formação de laços entre os vizinhos, o conhecimento dos hábitos e horários , e a troca de experiências.
“Conhecendo os hábitos um morador pode notar uma luz acesa num horário que não deveria estar, e procurar contato. A aproximação também faz com que a polícia tenha mais confiança na informação recebida”, conclui.
Ele explica que além da instalação de câmeras e da contratação de vigilância particular, os moradores têm utilizado outras soluções para tentar se proteger em casa:
"Vemos moradores combinando códigos com os vizinhos, colocando sirenes, campainhas, apitos. Além de maior atenção com movimentações suspeitas".