Pesquisa da Federação das Indústrias de SC revela que 20 das 23 empresas do Estado que mais vendem para o país vizinho já estão tendo custos adicionais com as mudanças
As novas medidas protecionistas implantadas pelo governo argentino no início do mês já estão agravando a situação das exportações catarinenses para o país vizinho. Entre as 23 principais empresas exportadoras do Estado, 20 disseram que serão afetadas pelas barreiras. E para 17 delas, o impacto será muito forte, aponta pesquisa da Fiesc.
Quem quiser importar o que quer que seja, na Argentina, é obrigado a apresentar uma declaração juramentada e antecipada à Secretaria de Comércio Exterior do país. A análise do documento para a liberação ou não da compra demora até 15 dias úteis.
Como explica o diretor de Relações Industriais e Institucionais da Fiesc, Henry Quaresma, o atraso nos processos dessincroniza as exportações das empresas, principalmente das de médio porte, que utilizam apenas o transporte rodoviário para enviar os pedidos.
O resultado são custos adicionais com artigos estocados e caminhões parados. Pior ainda para as que trabalham com itens perecíveis. Além disso, o próprio importador argentino, devido ao excesso de burocracia e aos gastos extras, é levado a cancelar parcerias comerciais com outros países.
Em SC, segundo o diretor, vários setores estão sentindo o impacto da medida. Entre eles, o têxtil, o cerâmico, o metalmecânico, o de alimentos, o de tecnologia e o de eletrodomésticos.
De acordo com a Associação Brasileira de Transportadores Internacionais (Abti), a nova barreira argentina já representa US$ 800 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão) em produtos que não atravessaram a fronteira na primeira quinzena deste mês. A entidade leva em conta os dois principais portos de saída de mercadorias para a Argentina: Uruguaiana e São Borja, no RS, que detêm 98% da passagem de produtos.
A Olsen, empresa de Palhoça que fabrica equipamentos médicos e odontológicos e exporta cerca de 10% da sua produção para o país vizinho, teme perder o mercado argentino ainda em 2012.
O gerente de exportações da Olsen, Luciano Rodrigues, revela que, neste mês, a empresa enviaria uma nova remessa de produtos para a Argentina. O entrave é que, diante da medida, o comprador resolveu esperar para fazer um novo pedido, sem estabelecer um prazo de quando voltariam a conversar.
Quaresma, da Fiesc, ressalta que, apesar das intervenções da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), o governo brasileiro ainda não se manifestou contra a medida argentina.
Fonte:Janaina Cavalli