Outro membro do PP deve assumir o ministério para que o comando continue sob o comando do partido. O líder da bancada na Câmara Aguinaldo Ribeiro (PB) é o mais cotado para o cargo. Ele responde a um processo na Justiça Federal por improbidade administrativa, mas, segundo um interlocutor do partido, a situação já foi avaliada pelo Planalto e, por isso, o PP não espera que haja impedimentos.
Ministro das Cidades pode deixar a pasta nesta semanaFoto: Wilson Dias/Agência Brasil
Desgastado com o Palácio do Planalto por suspeitas de irregularidades em sua pasta e sem forte apoio ao Partido Progressista (PP) para continuar no governo, o ministro das Cidades, Mário Negromonte, deve deixar o primeiro escalão da administração pública federal ainda esta semana. Apoiador da indicação de Negromonte para a Esplanada dos Ministérios, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), tem confidenciado que não tem como continuar a bancar a permanência do pepista como ministro e bater de frente com a presidente Dilma Rousseff.
Wagner, que acompanha a presidente nesta semana em viagens a Cuba e ao Haiti, conversou com Negromonte no último domingo em Salvador para discutir os pontos negativos de enfrentar Dilma pela permanência do cargo. Interlocutores lembram o recente desgaste sofrido pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que chegou a desafiar o Palácio do Planalto a não demitir o então diretor do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), Elias Fernandes, alvo de suspeitas de irregularidades.
A insatisfação de setores do governo com Negromonte é reflexo também do clima de desconfiança da ala baiana PT, que tem visto o ministro das Cidades alavancar a candidatura do atual chefe da Casa Civil da prefeitura de Salvador, João Leão (PP), contra o petista Nelson Pellegrino nas eleições de outubro. Com a relação entre PP e PT baianos abalada, mais um flanco de apoio à permanência do ministro na pasta das Cidades começa a ruir.
A situação política de Mário Negromonte começou a se desgastar após reportagem do jornal O Estado de S. Paulo ter mostrado um documento supostamente forjado pela diretora de Mobilidade Urbana da pasta, Luiza Gomide, que teria adulterado um parecer técnico que vetava a mudança de um projeto de mobilidade em Cuiabá. Com a suposta adulteração, os custos da obra foram ampliados em R$ 700 milhões.
Também entre as denúncias existem suspeitas de que o tesoureiro do Partido Progressista, Leodegar Tiscoski, e outros executivos ligados à legenda favoreciam empreiteiras no gabinete do Ministério das Cidades, liberando recursos para obras consideradas irregulares pelo Tribunal de Contas da União (TCU).