As cenas foram gravadas por uma câmera oculta na sala da residência do jornalista, na Asa Norte. Também participam da conversa o delegado Mauro Cezar Lima, atual diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), um empresário e uma quinta pessoa. O grupo busca a publicação de reportagem com denúncias contra o governo. No decorrer da conversa, Onofre demonstra buscar suceder Mailine na chefia da Polícia Civil. Para tanto, ele afirma ter conversado com um interlocutor do governo, que ele chama de Cláudio.
Em certo momento, Onofre diz: "Eu liguei para o (incompreensível) hoje e falei: ‘Quando o seu governador estiver saindo de camburão da Polícia Federal’. Aí ele falou: ‘Isso aí eu acho difícil’. Mas eu falei que o Arruda achava impossível e saiu. ‘Quando o seu governador tiver saindo do camburão da Polícia Federal e eu estiver aposentado e vendo, eu só vou falar: pede a diretora para tirar ele (sic)’. Foi o recado que eu mandei. Direto. ‘Não, o que é isso?’ [teria questionado o interlocutor]. ‘Cláudio, eu estou muito velho pra ficar com esse negócio de amanhã, ou depois’".
O atual diretor-geral também avalia a situação de Agnelo, por conta das denúncias. "Maurinho (Mauro Cézar), você tem de entender o seguinte. Vai um bandido preso lá na DP e diz: ‘Aquele delegado é um corrupto porque me tomou isso e me tomou aquilo’. O juiz, primeiro, não vai acreditar. Aí vem o segundo bandido, o terceiro. Aí o juiz vai dizer: ‘Ele é bandido mesmo’. É o que vai acontecer com o Agnelo. Vem o primeiro processo, Polícia Federal, Ministério Público, pá, um processo, pá, outro, pá, outro. Sabe o fim dele qual é? Renúncia", afirma Onofre na gravação.
E o diretor-geral prossegue: "Você é um delegado de plantão, mas faz os seus esquemas. Você é pintinho e ninguém vai querer te destruir. Pra quê?. Vira delegado-adjunto, vai fazendo seus negocinhos, ainda é pintinho. Delegado-chefe, já dá uma olhada. Vira diretor. Aí, nego fuça tudo. O problema do Agnelo foi esse. Enquanto ele era um deputado federal e ficava só no periférico, tudo bem. Foi para o Ministério do Esporte, já… Até como ministro ele nem se expôs tanto. Veio esse negócio, e se o Durval morresse, era pior para ele". O delegado Mauro Cezar completa: "Quando o cara ganha poder fica cego".
Fonte:CB