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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Adriano mantém versão sobre tiro em mulher e acusa estudante



Atacante do Corinthians presta depoimento em delegacia e afirma que jovem baleada dentro de veículo na madrugada de sábado agiu de má-fé. Segundo delegado, o atleta pode pegar até sete anos de prisão caso esteja mentindo
Adriano chega à delegacia, na Barra da Tijuca: o atacante disse que não conhecia a vítima e dava carona à estudante a pedido de um amigo (Fabio Rossi/Agência O Globo)
Adriano chega à delegacia, na Barra da Tijuca: o atacante disse que não conhecia a vítima e dava carona à estudante a pedido de um amigo

O jogador Adriano, do Corinthians, esteve ontem na 16ª DP (Barra da Tijuca), no Rio de Janeiro, e reafirmou a versão do primeiro depoimento, prestado no sábado. Segundo o atacante, ele sentava no banco do carona do próprio veículo e não foi o responsável pelo tiro de pistola calibre .40 que atingiu a mão esquerda da estudante Adriene Cyrilo Pinto. O delegado do caso, Fernando Reis, disse ontem que, caso o jogador esteja mentindo e seja culpado pelo disparo — conforme acusa a mulher —, poderá pegar até sete anos de prisão. Adriano responderia por fraude processual e lesão corporal culposa. “Mentira é um péssimo negócio para ele”, avaliou o delegado. No entanto, se as investigações apontarem que a jovem de 20 foi a responsável pelo tiro acidental, ela poderá ser enquadrada por crime de denunciação caluniosa, com pena de dois a oito anos.

O delegado afirma que esse tipo de caso requer “um extremo cuidado”, já que o atacante é uma pessoa com histórico de polêmicas “dessa ordem”. Segundo Fernando Reis, uma avaliação equivocada pode comprometer a investigação.

Adriano afirmou ontem à imprensa que está tranquilo por saber que diz a verdade. Ele disse ainda que a jovem “não tem caráter e agiu de má-fé”. “Os exames (de resíduo de pólvora) vão comprovar o que realmente aconteceu”, vaticinou. Segundo o delegado, é preciso esperar o resultados da perícia feita pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). A análise realizada no automóvel do jogador constatou que o tiro foi disparado obrigatoriamente por alguém no banco traseiro — Adriene é a única que afirma que Adriano estava sentado no banco de trás. As outras testemunhas confirmam a versão do atacante, de que ele estaria sentado no banco do carona. “O fato de as outras cinco pessoas apresentarem a mesma versão do Adriano, por si só, não determina que a verdade está com ele. Estamos apenas no início das investigações”, analisou o delegado.

Antes de prestar depoimento, o jogador negou conhecer a vítima, mas disse que deu uma carona para ela a pedido de um amigo com quem estava no camarote de uma boate na Barra da Tijuca, na madrugada de sábado. Às 6h, Adriano saiu do local em seu carro, um BMW modelo 550i, acompanhado de quatro mulheres e do segurança particular, o tenente reformado Júlio César Barros. Ele afirmou que o acidente ocorreu no caminho para a sua casa. Ainda segundo o atleta, a arma estava entre o banco e o console do carro, mas ele não viu quem pegou a pistola, só ouviu o disparo e teve um instinto de se abaixar, porque “foi um estrondo muito grande dentro do carro”. Adriano disse que, quando viu a jovem ferida, pediu para o segurança que dirigia o veículo parar. O jogador contou que tirou a jovem do carro, amarrou a camisa para estancar o sangue do ferimento da vítima e pediu que Júlio César levasse Adriene para o hospital. 

Contradições

O delegado Fernando Reis promoverá uma acareação, prevista para amanhã, entre o jogador do Corinthians e a vítima. Ele declarou ainda que averigua três ocorrências policiais (ameaça, lesão corporal e furto em porta de banco) em que Adriene esteve envolvida recentemente. Segundo ele, em todas a estudante está registrada como vítima. 

Desde sábado internada no hospital particular Barra D’Or, a jovem deve ser submetida hoje a uma cirurgia de reconstrução do osso do dedo indicador da mão esquerda. Ela ainda não tem previsão de alta, segundo a equipe médica. Diferentemente da versão apresentada por parte da imprensa, Adriano disse ontem que não está pagando pelas despesas de Adriene no hospital. “Não vejo necessidade de arcar com as custas”, afirmou.


Diretoria do clube manifesta apoio
Embora nos bastidores do Corinthians a diretoria esteja dividida quanto à permanência de Adriano no Parque São Jorge, oficialmente, o clube manifestou apoio ao atacante ontem. Segundo o presidente em exercício, Roberto de Andrade, o episódio envolvendo uma jovem atingida na mão esquerda por um disparo acidental foi uma “fatalidade”. Andrade negou que o clube vá dispensar o atacante antes do término de seu contrato, em junho de 2012. “Isso é uma fatalidade. É lógico que Adriano tem um histórico de aborrecimentos, envolvendo coisas não muito sadias, mas o atleta está de férias, não vamos entender isso como um mau comportamento, não vamos misturar as coisas”, disse o dirigente.

Fonte: Correio Braziliense