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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Tesouros arqueológicos escondidos nos subterrâneos de Manaus


Poucos sabem que boa parte da memória de Manaus está escondida debaixo da terra. São peças valiosas que podem ajudar a entender a história da cidade

Fragmentos pequenos que, juntos, revelam beleza de prato encontrado durante escavações na área da catedral (Cassandra Castro)
 Tesouros escondidos debaixo de calçadas, avenidas, construções...Muitos que andam por Manaus sequer imaginam a riqueza que está escondida nos seus subterrâneos. Um pouco da Manaus colonial e até pré colonial está sendo resgatado pelo esforço e dedicação de profissionais que escolheram desvendar este complexo entrelaçado de épocas, costumes e artefatos. Um dos locais onde podemos encontrar um pouco deste universo de descobertas arqueológicas é o laboratório Alfredo Mendonça de Souza que funciona dentro do complexo de museus situado no Palacete Provincial, centro de Manaus.
Quando lá chegamos, somos cativados pela curiosidade das peças que vemos: filtros de cerâmica de grés intactos; garrafas de cerveja, de refrigerantes, de remédios, esculturas, pedaços de louças...A maioria destas preciosidades foi achada em locais distintos do centro de Manaus. Destes lugares são retiradas toneladas de material, resquícios de povos que viveram aqui bem antes de nós e que deixaram impregnadas nos locais por onde passaram , as marcas deste pedaço da nossa história.  A turismóloga Socorro Paiva mostra parte de um acervo baseado nas 3 toneladas de material arqueológico  retirado durante as obras de restauração da Catedral Metropolitana de Manaus,em 2002. A maioria do material ainda não foi analisada e está guardada em engradados ,com os objetos cuidadosamente embalados .
Uma mostra do que foi encontrado pode ser vista no laboratório. Socorro explica que o trabalho feito pela equipe de profissionais que trabalha aqui é demorado e delicado “ O visitante que chega aqui pode ver as principais etapas do fazer arqueológico e mergulhar um pouco no fascinante mundo que é buscar conhecer os nossos antepassados”, conta.
Podemos ver garrafas de louça importadas de Portugal, Dinamarca e Inglaterra, todas para acondicionar cerveja e que surgem aos milhares sempre que são realizadas obras que implicam sempre em mexer com solo e escavações no centro de Manaus.  Exemplos não faltam e parte deles está ao alcance de quem visitar a exposição montada dentro do laboratório de arqueologia do Palacete Provincial. Muitas peças chamam a atenção pela beleza e diversidade. Locais como as esquinas da avenida Eduardo Ribeiro com Quintino Bocaiúva, Getúlio Vargas com rua Lauro Cavalcante, ruas José Paranaguá, Marcílio Dias, Costa Azevedo, Lobo D’Almada, todas no centro de Manaus, são exemplos de locais de onde muito material arqueológico foi recolhido.  Boa parte deles é levada por trabalhadores da construção civil ou até donos das propriedades que passam por obras e que acharam algo diferente. Por desconhecimento, alguns só entregam ao laboratório peças inteiras, mas muitas vezes, até objetos que estejam quebrados podem ter valor para estudo.
Atualmente,  a equipe está no processo de levantamento dos fragmentos e peças de louças encontrados nos diversos locais que apresentaram registros de artefatos arqueológicos na cidade. O laboratório acaba funcionando como uma forma de sensibilizar a sociedade para a importância de resgate destas peças que fazem parte de um grande quebra-cabeças da história de Manaus.  O laboratório é aberto à visitação, de terça a sexta, das 8h às 17h e fica localizado no Palacete Provincial , na praça Heliodoro Balbi, também conhecida como praça da Polícia, no centro da cidade. A entrada é franca.

Fonte:Cassandra Castro