Poucos sabem que boa parte da memória de Manaus está escondida debaixo da terra. São peças valiosas que podem ajudar a entender a história da cidade
Fragmentos pequenos que, juntos, revelam beleza de prato encontrado durante escavações na área da catedral
Tesouros
escondidos debaixo de calçadas, avenidas, construções...Muitos que
andam por Manaus sequer imaginam a riqueza que está escondida nos seus
subterrâneos. Um pouco da Manaus colonial e até pré colonial está sendo
resgatado pelo esforço e dedicação de profissionais que escolheram
desvendar este complexo entrelaçado de épocas, costumes e artefatos. Um
dos locais onde podemos encontrar um pouco deste universo de
descobertas arqueológicas é o laboratório Alfredo Mendonça de Souza que
funciona dentro do complexo de museus situado no Palacete Provincial,
centro de Manaus.
Quando lá
chegamos, somos cativados pela curiosidade das peças que vemos: filtros
de cerâmica de grés intactos; garrafas de cerveja, de refrigerantes, de
remédios, esculturas, pedaços de louças...A maioria destas
preciosidades foi achada em locais distintos do centro de Manaus.
Destes lugares são retiradas toneladas de material, resquícios de povos
que viveram aqui bem antes de nós e que deixaram impregnadas nos locais
por onde passaram , as marcas deste pedaço da nossa história. A
turismóloga Socorro Paiva mostra parte de um acervo baseado nas 3
toneladas de material arqueológico retirado durante as obras de
restauração da Catedral Metropolitana de Manaus,em 2002. A maioria do
material ainda não foi analisada e está guardada em engradados ,com os
objetos cuidadosamente embalados .
Uma mostra do que foi encontrado pode ser vista
no laboratório. Socorro explica que o trabalho feito pela equipe de
profissionais que trabalha aqui é demorado e delicado “ O visitante que
chega aqui pode ver as principais etapas do fazer arqueológico e
mergulhar um pouco no fascinante mundo que é buscar conhecer os nossos
antepassados”, conta.
Podemos ver
garrafas de louça importadas de Portugal, Dinamarca e Inglaterra, todas
para acondicionar cerveja e que surgem aos milhares sempre que são
realizadas obras que implicam sempre em mexer com solo e escavações no
centro de Manaus. Exemplos não faltam e parte deles está ao alcance de
quem visitar a exposição montada dentro do laboratório de arqueologia
do Palacete Provincial. Muitas peças chamam a atenção pela beleza e
diversidade. Locais como as esquinas da avenida Eduardo Ribeiro com
Quintino Bocaiúva, Getúlio Vargas com rua Lauro Cavalcante, ruas José
Paranaguá, Marcílio Dias, Costa Azevedo, Lobo D’Almada, todas no centro
de Manaus, são exemplos de locais de onde muito material
arqueológico foi recolhido. Boa parte deles é levada por trabalhadores
da construção civil ou até donos das propriedades que passam por obras
e que acharam algo diferente. Por desconhecimento, alguns só entregam
ao laboratório peças inteiras, mas muitas vezes, até objetos que
estejam quebrados podem ter valor para estudo.
Atualmente,
a equipe está no processo de levantamento dos fragmentos e peças de
louças encontrados nos diversos locais que apresentaram registros de
artefatos arqueológicos na cidade. O laboratório acaba funcionando como
uma forma de sensibilizar a sociedade para a importância de resgate
destas peças que fazem parte de um grande quebra-cabeças da história de
Manaus. O laboratório é aberto à visitação, de terça a sexta, das 8h
às 17h e fica localizado no Palacete Provincial , na praça Heliodoro
Balbi, também conhecida como praça da Polícia, no centro da cidade. A
entrada é franca.
Fonte:Cassandra Castro